CATECISMO

DA

IGREJA CATÓLICA

Compêndio

© Copyright 2005 - Libreria Editrice Vaticana

«Motu Proprio»  

Introdução  

PRIMEIRA PARTE - A PROFISSÃO DA FÉ  

Primeira Secção: «Eu Creio» – «Nós Cremos»  

Capítulo Primeiro: O Homem é «capaz» de Deus  

Capítulo Segundo: Deus vem ao encontro do homem  

 A Revelação de Deus  

 A transmissão da revelação divina  

 A Sagrada Escritura  

Capítulo Terceiro: A resposta do homem a Deus  

 Eu creio

 Nós cremos  

Segunda Secção: A Profissão da Fé Cristã  

O Credo: Símbolo dos Apóstolos: Credo Niceno-Constantinopolitano

Capítulo Primeiro: Creio em Deus Pai  

  Os Símbolos da Fé  

  «Creio em Deus, Pai Omnipotente, Criador do Céu e da Terra»   O céu e a terra

 O homem

 A queda

Capítulo Segundo: Creio em Jesus Cristo, o Filho unigénito de Deus   «E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor»

 «Jesus Cristo foi concebido pelo poder do Espírito Santo, e nasceu da Virgem Maria»  

 «Jesus Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado»   «Jesus Cristo desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia»   «Jesus subiu ao céu está sentado à direita do Pai Omnipotente»  «De onde virá a julgar os vivos e os mortos»  

Capítulo Terceiro: Creio no Espírito Santo  

 «Creio no Espírito Santo»  

 «Creio na Santa Igreja Católica»  

  A Igreja no desígnio de Deus  

 A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo   A Igreja é una, santa, católica e apostólica  

 Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada  

 Creio na Comunhão dos santos  

 Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja  

  «Creio na remissão dos pecados»  

 «Creio na ressurreição da carne»  

 «Creio na vida eterna»  

 «Ámen»

SEGUNDA PARTE - A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO   Primeira Secção: A Economia Sacramental  

Capítulo Primeiro: O Mistério pascal no tempo da Igreja  

 Liturgia – Obra da Santíssima Trindade

 O Mistério Pascal nos Sacramentos da Igreja

Capítulo Segundo: A celebração sacramental do Mistério Pascal   Celebrar a liturgia da Igreja  

  Quem celebra?  

 Como celebrar?  

 Quando celebrar?  

 Onde celebrar?  

  Diversidade Litúrgica e Unidade do Mistério

Segunda Secção: Os sete Sacramentos da Igreja  

Os sete Sacramentos da Igreja  

Capítulo Primeiro: Os sacramentos da iniciação cristã  

 O Sacramento do Baptismo

 O Sacramento da Confirmação

 O Sacramento da Eucaristia  

Capítulo Segundo: Os Sacramentos da cura  

 O sacramento da Penitência e da Reconciliação

 O sacramento da Unção dos Enfermos  

Capítulo Terceiro: Os sacramentos ao serviço da comunhão e da missão

 O Sacramento da Ordem sacerdotal

 O Sacramento do Matrimónio

Capítulo Quarto: As outras celebrações litúrgicas  

 Os Sacramentais  

 As Exéquias Cristãs  

TERCEIRA PARTE - A VIDA EM CRISTO  

Primeira Secção: A vocação do Homem: A Vida no Espírito  

Capítulo Primeiro: A dignidade da pessoa humana  

 O homem imagem de Deus  

 A nossa vocação à bem-aventurança

 A liberdade do homem  

 A moralidade das paixões  

 A consciência moral

 As virtudes  

 O Pecado  

Capítulo Segundo: A comunidade humana  

 A pessoa e a sociedade

 A participação na vida social

 A justiça social  

Capítulo Terceiro: A salvação de Deus: a Lei e a graça  

 A Lei Moral

 Graça e Justificação

 A Mãe e Mestra  

Segunda Secção: Os Dez Mandamentos  

Êxodo - Deuteronómio - Fórmula da Catequese  

Capítulo Primeiro: «Amarás o Senhor teu Deus com todo teu Coração, com toda a tua   Alma e com todas as tuas forças»  

 O Primeiro Mandamento: Eu sou o Senhor teu Deus não terás outro Deus além de  mim  

 O Segundo Mandamento: Não invocar o Santo Nome de Deus em vão  O Terceiro Mandamento: Santificar os Domingos e Festas de Guarda   Capítulo Segundo: «Amarás o Teu próximo como a Ti mesmo»  

 O Quarto Mandamento: Honrar Pai e Mãe

 O Quinto Mandamento: Não Matar  

 O Sexto Mandamento: Não cometer o Adultério

 O Sétimo Mandamento: Não roubar  

 O Oitavo Mandamento: Não levantar falsos testemunhos  

 O Nono Mandamento: Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos   O Décimo Mandamento: Não cobiçar as coisas alheias

QUARTA PARTE - A ORAÇÃO CRISTÃ  

Primeira Secção: A Oração na Vida Cristã  

Capítulo Primeiro: A Revelação da Oração  

 A Revelação da Oração no Antigo Testamento  

 A Oração Plenamente revelada e realizada em Jesus  

 A Oração no Tempo da Igreja

Capítulo Segundo: A Tradição da Oração  

 Nas Fontes da Oração

 O Caminho da Oração

 Guias para a Oração

Capítulo Terceiro: A Vida de Oração  

 As Expressões da Oração  

 O Combate da Oração

Segunda secção: A Oração do Senhor: Pai Nosso  

Pai Nosso

«A Síntese de todo o Evangelho»  

«Pai Nosso que estais nos Céus »  

As sete petições

Apêndice  

  A) Orações Comuns  

  B) Fórmulas de Doutrina Católica  

Abreviaturas Bíblicas  

MOTU PROPRIO

  Para a aprovação e publicação  

do Compêndio  

do Catecismo da Igreja Católica  

Aos Veneráveis Irmãos Cardeais, Patriarcas, Arcebispos, Bispos,  Presbíteros, Diáconos e a todos os Membros do Povo de Deus  

Há já vinte anos que se iniciou a elaboração do Catecismo da Igreja Católica , pedido  pela Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, por ocasião do vigésimo aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II.  

Agradeço muito a Deus Nosso Senhor por ter dado à Igreja tal Catecismo, promulgado, em 1992, pelo meu venerado e amado Predecessor, o Papa João Paulo II.  

A utilidade e preciosidade deste dom obteve confirmação, antes de mais, na positiva e larga recepção por parte do episcopado, ao qual primeiramente se dirigia, sendo aceite como texto de referência segura e autêntica em ordem ao ensino da doutrina católica e à elaboração dos catecismos locais. Foi também confirmado por todas as componentes do  Povo de Deus que o puderam conhecer e apreciar nas mais de cinquenta línguas, em que até agora foi traduzido.  

Agora com grande alegria aprovo e promulgo o Compêndio de tal Catecismo.  

Ele tinha sido intensamente desejado pelos participantes no Congresso Internacional de  Catequese de Outubro de 2002, que, deste modo, se fizeram intérpretes duma exigência  muito difundida na Igreja. Para acolher este desejo, o meu saudoso Predecessor, em Fevereiro de 2003, decidiu a sua preparação, confiando a sua redacção a uma Comissão restrita de Cardeais, presidida por mim, apoiada pela colaboração de alguns

especialistas. No decorrer dos trabalhos, um projecto do Compêndio foi submetido à apreciação de todos os Eminentíssimos Cardeais e dos Presidentes das Conferências  Episcopais, que, na sua grande maioria, o acolheram e apreciaram positivamente.  

O Compêndio , que agora apresento à Igreja universal, é uma síntese fiel e segura do Catecismo da Igreja Católica . Ele contém, de maneira concisa, todos os elementos essenciais e fundamentais da fé da Igreja, de forma a constituir, como desejara o meu  Predecessor, uma espécie de vademecum , que permita às pessoas, aos crentes e não  crentes, abraçar, numa visão de conjunto, todo o panorama da fé católica.  

Ele espelha fielmente na estrutura, nos conteúdos e na linguagem o Catecismo da Igreja Católica , que encontrará nesta síntese uma ajuda e um estímulo para ser mais conhecido e aprofundado.  

Em primeiro lugar, confio esperançoso este Compêndio a toda a Igreja e a cada cristão para que, graças a ele, se encontre, neste terceiro milénio, novo impulso no renovado empenhamento de evangelização e de educação na fé, que deve caracterizar cada  comunidade eclesial e cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação.  

Mas este Compêndio , pela sua brevidade, clareza e integridade, dirige-se a todas as  pessoas, que, num mundo caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens,  desejam conhecer o Caminho da Vida, a Verdade, confiada por Deus à Igreja do Seu Filho.  

Lendo este instrumento autorizado que é o Compêndio , possa cada um, em especial  graças à intercessão de Maria Santíssima, a Mãe de Cristo e da Igreja, reconhecer e  acolher cada vez mais a beleza inexaurível, a unicidade e actualidade do Dom por excelência que Deus concedeu à humanidade: o Seu único Filho, Jesus Cristo, que é «o  Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6).  

Dado aos 28 de Junho de 2005, vigília da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, ano primeiro de Pontificado .  

BENEDICTUS PP XVI  

 

INTRODUÇÃO

1. No dia 11 de Outubro de 1992, o Papa João Paulo II entregava aos fiéis de todo o  mundo o Catecismo da Igreja Católica, apresentando-o como «texto de referência» (1) para uma catequese renovada nas fontes vivas da fé. A trinta anos da abertura do  Concílio Vaticano II (1962-1965), completava-se assim o desejo expresso em 1985 pela  Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, para que fosse composto um catecismo de toda a doutrina católica quer no tocante à fé quer no que se refere à moral.  

Cinco anos depois, a 15 de Agosto de 1997, ao promulgar a edição típica do Catecismo da Igreja Católica, o Sumo Pontífice confirmava a finalidade fundamental da obra:  «Apresenta-se como exposição completa e íntegra da doutrina católica, que permite a

todos conhecer o que a mesma Igreja professa, celebra, vive, reza na sua vida quotidiana» (2).

2. Para uma maior valorização do Catecismo e vir ao encontro dum pedido que surgiu no Congresso Internacional de Catequese em 2002, João Paulo II instituiu, em 2003,  uma Comissão especial, presidida pelo Card. Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, em ordem à elaboração dum Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, como formulação sintetizada dos conteúdos da fé. Após dois anos de trabalho, foi preparado um projecto de compêndio, que foi enviado para apreciação aos  Cardeais e aos Presidentes das Conferências Episcopais. O projecto recebeu, em geral,  uma apreciação positiva por parte da maioria absoluta de quantos responderam. Tendo  em conta as propostas de melhoramento que chegaram, a Comissão procedeu à revisão do projecto e preparou o texto final da obra.  

3. São três as características principais do Compêndio: a estrita dependência do  Catecismo da Igreja Católica; o género dialoga]; a utilização das imagens na catequese.  

Antes de mais, o Compêndio não é uma obra autónoma, pois não pretende, de modo nenhum, substituir o Catecismo da Igreja Católica: pelo contrário. remete  continuamente para ele, quer mediante a indicação, ponto por ponto, dos números a que se refere, quer através da contínua referência à estrutura, ao desenvolvimento e aos seus conteúdos. Além disso o Compêndio pretende despertar um renovado interesse e fervor  em relação ao Catecismo, que, com a sua sábia exposição e a sua unção espiritual,  permanece sempre o texto de base da catequese eclesial de hoje.  

Como o Catecismo, também o Compêndio se divide em quatro partes, de acordo com as  leis fundamentais da vida em Cristo.  

A primeira parte, intitulada «A profissão da fé», é uma síntese adequada da lex credendi , isto é, da fé professada pela Igreja Católica, retirada do Símbolo Apostólico ilustrado com o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, cuja proclamação constante nas assembleias cristãs mantém viva a memória das principais verdades da fé.  

A segunda parte, intitulada «A celebração do mistério cristão», apresenta os elementos  essenciais da lex celebrandi. O anúncio do Evangelho encontra a sua resposta  privilegiada na vida sacramental. Nela os fiéis experimentam e testemunham em cada  momento da sua existência a eficácia salvífica do mistério pascal, por meio do qual Cristo realizou a obra da nossa redenção.  

A terceira parte, intitulada «A vida em Cristo», chama a atenção para a lex vivendi , isto é, para o empenho que os baptizados têm de manifestar nas sua: atitudes e nas suas  opções éticas de fidelidade à fé professada e celebrada. Os fiéis são chamados pelo  Senhor Jesus a agir de acordo com a sua dignidade de filhos de Deus Pai na caridade do  Espírito Santo.  

A quarta parte, intitulada «A oração cristã», apresenta uma síntese da lex orandi , isto é,  da vida de oração. A exemplo de Jesus, o modelo perfeito do orante, também o cristão é  chamado ao diálogo com Deus na oração, de cuja expressão privilegiada é o Pai-nosso,  a oração que o próprio Jesus nos ensinou.

4. Uma segunda característica do Compêndio e a sua forma dialogada, que retoma um antigo género literário da catequese, constando de pergunta e resposta. Trata-se de  repropor um diálogo ideal entre o mestre e o discípulo, mediante uma sequência de interrogações que envolvem o leitor convidando-o prosseguir na descoberta de aspectos novos da verdade da fé. O género dialogal concorre também para abreviar notavelmente o texto, reduzindo-o ao essencial. Isto poderia ajudar a assimilação e a eventual  memorização do conteúdo.

5. A terceira característica reside nas imagens, que assinalam a organização do  Compêndio. Provêm do riquíssimo património da iconografia cristã. A tradição secular  e conciliar diz-nos que também a imagem é pregação evangélica. Os artistas de todos os  tempos apresentaram à contemplação e à admiração dos fiéis os factos salientes do mistério da salvação, no esplendor da cor e na perfeição da beleza. Indício de que, hoje mais do que nunca, na época da imagem, a imagem sagrada pode exprimir muito mais  que a palavra, pois é muito mais eficaz o seu dinamismo de comunicação e de  transmissão da mensagem evangélica.  

6. A quarenta anos da conclusão do Concílio Vaticano II e no ano da Eucaristia, o  Compêndio pode constituir um ulterior subsídio para satisfazer quer a fome de verdade dos fiéis de todas as idades e condições, quer também a necessidade de quantos, não sendo fiéis, têm sede de verdade e de justiça. A sua publicação terá lugar na solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja universal e evangelizadores  exemplares do Evangelho no mundo antigo. Estes apóstolos viveram o que pregaram e  testemunharam a verdade de Cristo até ao martírio. Imitemo-los no seu ardor  missionário e peçamos ao Senhor a fim de que a Igreja siga sempre o ensinamento dos  Apóstolos, dos quais recebeu o primeiro alegre anúncio da fé.  

20 de Março de 2005, Domingo de Ramos .  

Joseph Card. Ratzinger  

Presidente da Comissão especial

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1. João Paulo II, Const. Apost. Fidei depositum , 11 de Outubro de 1992.   2. João Paulo II, Carta Apost. Laetamur magnoepre , 15 de Agosto de 1997.    

PRIMEIRA PARTE  

A PROFISSÃO DA FÉ

 

PRIMEIRA SECÇÃO

  «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»

 

1. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem?  

1 – 25  

Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si mesmo, num desígnio de pura  bondade, criou livremente o homem para o tornar participante da sua vida bem aventurada. Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou o seu Filho, como Redentor e  Salvador dos homens caídos no pecado, convocando-os à sua Igreja e tornando-os filhos  adoptivos por obra do Espírito Santo e herdeiros da sua eterna bem-aventurança.  

CAPÍTULO PRIMEIRO  

O HOMEM É «CAPAZ» DE DEUS

30

«És grande, Senhor, e digno de todo o louvor [...]. Fizeste-nos para Ti e o nosso  coração não descansa enquanto não repousar em Ti» ( S. Agostinho ).  

2. Porque é que no homem existe o desejo de Deus?

27-30

44-45

Ao criar o homem à sua imagem, o próprio Deus inscreveu no coração humano o desejo  de O ver. Mesmo que, muitas vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não cessa de atrair o homem a Si, para que viva e encontre n’Ele aquela plenitude de verdade e de felicidade,  

que ele procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o homem é um ser religioso, capaz de entrar em comunhão com Deus. É este vínculo íntimo e vital com Deus que  confere ao homem a sua dignidade fundamental.  

3. Como é que se pode conhecer Deus apenas com a luz da razão?  

31-36  

46-47

A partir da criação, isto é, do mundo e da pessoa humana, o homem pode, só pela razão, conhecer com certeza a Deus como origem e fim do universo e como sumo bem,  verdade e beleza infinita.  

4. Basta porém a exclusiva luz da razão para conhecer Deus?

37-38

Ao conhecer Deus só com a luz da razão, o homem experimenta muitas dificuldades.  Além disso, não pode entrar só pelas suas próprias forças na intimidade do mistério divino. Por isso é que Deus o quis iluminar com a sua Revelação não apenas sobre  verdades que excedem o seu entendimento, mas também sobre verdades religiosas e

morais que, apesar de serem por si acessíveis à razão, podem deste modo ser conhecidas  por todos, sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro.  

5. Como se pode falar de Deus?  

39-43  

48-49

É possível falar de Deus a todos e com todos, a partir das perfeições do homem e das  outras criaturas, que são um reflexo, embora limitado, da infinita perfeição de Deus. É,  porém, necessário purificar continuamente a nossa linguagem de tudo o que ela contém  de imaginário e imperfeito, na consciência de que nunca será possível exprimir  plenamente o infinito mistério de Deus.  

 

CAPÍTULO SEGUNDO  

DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM

A REVELAÇÃO DE DEUS  

6. O que é que Deus revela ao homem?

50-53  

68-69

Deus revela-se ao homem, na sua bondade e sabedoria. Mediante acontecimentos e palavras, Deus revela-se a Si mesmo e ao seu desígnio de benevolência, que Ele, desde a eternidade, preestabeleceu em Cristo a favor dos homens. Tal desígnio consiste em  fazer participar, pela graça do Espírito Santo, todos os homens na vida divina, como seus filhos adoptivos no seu único Filho.  

7. Quais as primeiras etapas da Revelação de Deus?

54-58  

70-71

Deus manifesta-se desde o princípio aos nossos primeiros pais, Adão e Eva, e convida os a uma comunhão íntima com Ele. Após a sua queda, não interrompe a revelação e  promete a salvação para toda a sua descendência. Após o dilúvio, estabelece com Noé uma aliança entre Ele e todos os seres vivos.  

8. Quais as etapas sucessivas da Revelação de Deus?  

59-64  

72

Deus escolhe Abrão chamando-o a deixar a sua terra para fazer dele “o pai duma  multidão de povos” ( Gn 17,5), e promete abençoar nele “todas as nações da terra” ( Gn

12,3). Os descendentes de Abraão serão o povo eleito, os depositários das promessas  divinas feitas aos patriarcas. Deus forma Israel como seu povo salvando-o da escravidão do Egipto; conclui com ele a Aliança do Sinai, e dá-lhe a sua Lei, por meio de Moisés.  Os profetas anunciam uma redenção radical do povo e uma salvação que incluirá todas  as nações numa Aliança nova e eterna, que será gravada nos corações. Do povo de  Israel, da descendência do rei David, nascerá o Messias: Jesus.  

9. Qual é a etapa plena e definitiva da Revelação de Deus?  

65-66  

73

É aquela realizada no seu Verbo encarnado, Jesus Cristo, mediador e plenitude da Revelação. Sendo o Filho Unigénito de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está,  finalmente, completada, ainda que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado ao  longo dos séculos.  

 

«A partir do momento em que nos deu o Seu Filho,  

que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos

 tudo ao mesmo tempo e duma só vez,  

 e nada mais tem a acrescentar» (S. João da Cruz).

 

10. Qual o valor das revelações privadas?  

67

Embora não pertençam ao depósito da fé, elas podem ajudar a viver esta mesma fé,  desde que mantenham uma estrita orientação para Cristo. O Magistério da Igreja, ao qual compete discernir as revelações privadas, não pode, por isso, aceitar aquelas que pretendem superar ou corrigir a Revelação definitiva que é Cristo.  

 

A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA  

11. Porquê e como deve ser transmitida a Revelação?

74

Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2,4), isto é, de Jesus Cristo. Por isso, é necessário que Cristo seja anunciado a  todos os homens, segundo o seu mandamento: «Ide e ensinai todos os povos» ( Mt 28,  19). É o que se realiza com a Tradição Apostólica.  

12. O que é a Tradição Apostólica?

75-79, 83  

96.98

A Tradição Apostólica é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as origens do cristianismo, mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os  escritos inspirados. Os Apóstolos transmitiram aos seus sucessores, os Bispos, e, através  deles, a todas as gerações até ao fim dos tempos, tudo o que receberam de Cristo e aprenderam do Espírito Santo.  

13. Como se realiza a Tradição Apostólica?

76

A Tradição Apostólica realiza-se de duas maneiras: mediante a transmissão viva da Palavra de Deus (chamada também simplesmente a Tradição) e através da Sagrada Escritura que é o próprio anúncio da salvação transmitido por escrito.

14. Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada Escritura?  

80-82  

97

A Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si.  Com efeito, ambas tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo e provêm  da mesma fonte divina: constituem um só sagrado depósito da fé, do qual a Igreja  recebe a certeza acerca de todas as coisas reveladas.  

15. A quem é confiado o depósito da fé?  

84, 91  

94, 99

O depósito da fé é confiado pelos Apóstolos a toda a Igreja. Todo o povo de Deus, mediante o sentido sobrenatural da fé, conduzido pelo Espírito Santo, e guiado pelo  Magistério da Igreja, acolhe a Revelação divina, compreende-a cada vez mais e aplica-a à vida.  

16. A quem compete interpretar autenticamente o depósito da fé?  

85-90  

100

A interpretação autêntica do depósito da fé compete exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, isto é, ao Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em comunhão com ele. Ao Magistério, que, no serviço da Palavra de Deus, goza do carisma certo da verdade, compete ainda definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas  na Revelação divina; tal autoridade estende-se também às verdades necessariamente  conexas com a Revelação.  

17. Que relação existe entre a Escritura, a Tradição e o Magistério?

95

De tal maneira estão unidos, que nenhum deles existe sem os outros. Todos juntos  contribuem eficazmente, cada um a seu modo, sob a acção do Espírito Santo, para a salvação dos homens.  

 

A SAGRADA ESCRITURA  

18. Porque é que a Sagrada Escritura ensina a verdade?  

105-108  

135-136

Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura: por isso ela é dita inspirada e ensina sem erro aquelas verdades que são necessárias para a nossa salvação. Com efeito, o Espírito Santo inspirou os autores humanos, os quais escreveram aquilo que Ele nos  quis ensinar. No entanto, a fé cristã não é «uma religião do Livro», mas da Palavra de Deus, que não é «uma palavra escrita e muda, mas o Verbo Encarnado e vivo» (S.  Bernardo de Claraval).

19. Como ler a Sagrada Escritura?  

109-119  

137

A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito Santo e sob a  condução do Magistério da Igreja segundo três critérios: 1) atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura; 2) leitura da Escritura na Tradição viva da Igreja; 3)  respeito pela analogia da fé, isto é, da coesão entre si das verdades da fé.  

20. O que é o cânone das Escrituras?  

120  

138

O Cânone das Escrituras é a lista completa dos escritos sagrados, que a Tradição Apostólica levou a Igreja a discernir. O Cânone compreende 46 escritos do Antigo Testamento e 27 do Novo.  

21. Que importância tem o Antigo Testamento para os cristãos?  121-123

Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus: todos os  seus escritos são divinamente inspirados e conservam um valor permanente. Eles dão testemunho da divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Foram escritos sobretudo  para preparar o advento de Cristo Salvador do universo.

22. Que importância tem o Novo Testamento para os cristãos?  

124-127  

139

O Novo Testamento, cujo objecto central é Jesus Cristo, entrega-nos a verdade definitiva da Revelação divina. Nele, os quatro Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, enquanto são o principal testemunho da vida e da doutrina de Jesus, constituem o  coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja.  

23. Que unidade existe entre o Antigo e o Novo Testamento?  

128-130  

140

A Escritura é una, uma vez que única é a Palavra de Deus, único é o projecto salvífico de Deus, única a inspiração divina dos dois Testamentos. O Antigo Testamento prepara  o Novo e o Novo dá cumprimento ao Antigo: os dois iluminam-se mutuamente.  

24. Qual a função da Sagrada Escritura na vida da Igreja?

131-133  

141

A Sagrada Escritura dá sustento e vigor à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza  da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral.  Diz o Salmista: ela é «lâmpada para os meus passos, luz no meu caminho» ( Sal 119,105). Por isso, a Igreja exorta à leitura frequente da Sagrada Escritura, uma vez que «a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» (S. Jerónimo).

 

CAPÍTULO TERCEIRO  

A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS

EU CREIO

 

25. Como responde o homem a Deus que se revela?  

142- 43  

Sustentado pela graça divina, o homem responde a Deus com a obediência da fé, que consiste em confiar-se completamente a Deus e acolher a sua Verdade, enquanto  garantida por Ele que é a própria Verdade.  

26. Na Sagrada Escritura, quais são os principais testemunhos de obediência da fé?

144-149

Há muitos testemunhos, mas particularmente dois: Abraão, que, colocado à prova, «teve  fé em Deus » ( Rm 4,3) e obedeceu sempre ao seu chamamento, tornando-se por isso «pai de todos os crentes» ( Rm 4,11.18 ); e a Virgem Maria , que realizou de modo mais  perfeito, durante toda a sua vida, a obediência da fé: « Fiat mihi secundum Verbum tuum  – Faça-se em mim segundo a tua palavra » ( Lc 1, 38).  

27. Que significa, de facto, para o homem crer em Deus?

150-152  

176-178

Significa aderir ao próprio Deus, entregando-se a Ele e dando assentimento a todas as  verdades por Ele reveladas, porque Deus é a verdade. Significa crer num só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.  

28. Quais as características da fé?  

153-165  

179-180  

183-184

A Fé, dom gratuito de Deus e acessível a quantos a pedem humildemente, é uma virtude  sobrenatural necessária para a salvação. O acto de fé é um acto humano, isto é, um acto  da inteligência do homem que, sob decisão da vontade movida por Deus, dá livremente  o seu assentimento à verdade divina. Além disso, a fé é certa porque fundada sobre a Palavra de Deus; é operante «por meio da caridade» ( Gal 5,6); é em contínuo crescimento, graças, em especial, à escuta da Palavra de Deus e à oração. Ela faz-nos  saborear, de antemão, a alegria celeste.  

29. Porque não há contradições entre a fé e a ciência?  

159

Embora a fé supere a razão, não poderá nunca existir contradição entre a fé e a ciência porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem seja a luz da  razão seja a luz da fé.  

«Crê para compreender: compreende para crer» (Santo Agostinho)  

NÓS CREMOS

30. Porque é que a fé é um acto pessoal e ao mesmo tempo eclesial?

166-169  

181

A fé é um acto pessoal, enquanto resposta livre do homem a Deus que se revela. Mas é  ao mesmo tempo um acto eclesial, que se exprime na confissão: «Nós cremos». De  facto, é a Igreja que crê: deste modo, ela, com a graça do Espírito Santo, precede, gera e  nutre a fé do indivíduo. Por isso a Igreja é Mãe e Mestra.  

 

«Não pode ter a Deus por Pai quem não tem a Igreja por Mãe» (S. Cipriano)  

31. Porque é que as fórmulas da fé são importantes?  

170-171

As fórmulas da fé são importantes porque permitem exprimir, assimilar, celebrar e  partilhar, juntamente com outros, as verdades da fé, utilizando uma linguagem comum.  

32. De que maneira a fé da Igreja é uma só?

172-175  

182

A Igreja, embora formada por pessoas de diferentes línguas, culturas e ritos, professa,  unânime e a uma só voz, a única fé, recebida dum só Senhor e transmitida pela única  Tradição Apostólica. Professa um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – e manifesta  

uma única via de salvação. Portanto, nós acreditamos, num só coração e numa só alma,  tudo o que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e nos é proposto pela  Igreja como divinamente revelado.  

 

SEGUNDA SECÇÃO

A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

 

O CREDO

 

Símbolo dos Apóstolos  

Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra

E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor  

que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;  

nasceu da Virgem Maria;

padeceu sob Pôncio Pilatos,  

foi crucificado, morto e sepultado;

desceu à mansão dos mortos;  

ressuscitou ao terceiro dia;  

subiu aos Céus;  

está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,

de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.  

Creio no Espírito Santo;  

na santa Igreja Católica;  

na comunhão dos Santos;  

na remissão dos pecados;  

na ressurreição da carne;  

e na vida eterna. Amen  

Credo Niceno-Constantinopolitano  

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso  

Criador do Céu e da Terra,

de todas as coisas visíveis e invisíveis.  

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,  

Filho Unigénito de Deus,  

nascido do Pai antes de todos os séculos:  

Deus de Deus, luz da luz,  

Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;  

gerado, não criado, consubstancial ao Pai.  

Por Ele todas as coisas foram feitas.  

E por nós homens e para nossa salvação  

desceu dos Céus.  

E encarnou pelo Espírito Santo,  

no seio da Virgem Maria,  

e se fez homem.

Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;  

padeceu e foi sepultado.  

Ressuscitou ao terceiro dia,  

conforme as Escrituras;  

e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.  

De novo há-de vir em sua glória  

para julgar os vivos e os mortos;  

e o seu Reino não terá fim.  

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida,  

e procede do Pai e do Filho;  

e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.  

Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.  

Professo um só Baptismo para a remissão dos pecados.

E espero a ressurreição dos mortos  

e a vida do mundo que há-de vir. Ámen.  

 

CAPÍTULO PRIMEIRO  

CREIO EM DEUS PAI  

OS SÍMBOLOS DA FÉ  

 

33. O que são os Símbolos da Fé?

185-188  

192. 197  

São fórmulas articuladas, também chamadas «profissões de fé» ou «Credo», mediante  as quais a Igreja, desde as suas origens, exprimiu resumidamente e transmitiu a própria fé, numa linguagem normativa e comum a todos os fiéis.  

34. Quais são os mais antigos Símbolos da fé?  

189-191

São os Símbolos baptismais . Porque o Baptismo é administrado «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» ( Mt 28,19), as verdades de fé neles professadas estão articuladas segundo a sua referência às três Pessoas da Santíssima Trindade.

35. Quais são os mais importantes Símbolos da fé?

193-195

São o Símbolo dos Apóstolos , que é o antigo Símbolo baptismal da Igreja de Roma, e o Símbolo niceno-constantinopolitano , fruto dos primeiros dois Concílios Ecuménicos de Niceia (325) e de Constantinopola (381), e que é, ainda hoje, comum a todas as grandes  Igrejas do Oriente e do Ocidente.  

 

«CREIO EM DEUS, PAI OMNIPOTENTE,  

CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»

 

36. Porque é que a profissão de fé começa com «Creio em Deus»? 198-199

Porque a afirmação «Creio em Deus» é a mais importante, a fonte das outras verdades  respeitantes ao homem, ao mundo e à nossa vida de crentes n’Ele.

37. Porque professamos um só Deus?

200-202  

228

Porque Ele se revelou ao povo de Israel como o Único, quando disse: «Escuta Israel, o Senhor é um só» ( Dt 6,4), «não há outros» ( Is 45,22). O próprio Jesus o confirmou: Deus é «o único Senhor» ( Mc 12,29). Professar que Jesus e o Espírito Santo são  também eles Deus e Senhor, não introduz nenhuma divisão no Deus Uno.

38. Com que nome Deus se revela?  

203-205  

230-231

Deus revela-se a Moisés como o Deus vivo, «o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o  Deus de Jacob» ( Ex 3,6). Ao mesmo Moisés, Deus revela também o seu nome  misterioso: «Eu Sou aquele que Sou (YHWH)». O nome inefável de Deus, já nos  tempos do Antigo Testamento, foi substituído pela palavra Senhor . Assim, no Novo  Testamento, Jesus, chamado Senhor , aparece como verdadeiro Deus.  

39. Só Deus «é»?  

212-213

Enquanto as criaturas receberam d’Ele tudo o que são e têm, só Deus é em si mesmo a  plenitude do ser e de toda a perfeição. Ele é «Aquele que é», sem origem e sem fim. Jesus revela que também Ele é portador do nome divino: «Eu sou» ( Jo 8, 28).  

40. Porque é importante a revelação do nome de Deus?  

206-213

Ao revelar o seu Nome, Deus dá a conhecer as riquezas do seu mistério inefável: só Ele  é, desde sempre e para sempre, Aquele que transcende o mundo e a história. Foi Ele que  fez o céu e aterra. Ele é o Deus fiel, sempre próximo do seu povo para o salvar. É o  Santo por excelência, «rico de misericórdia» ( Ef 2,4), sempre pronto a perdoar. É o Ser  espiritual, transcendente, omnipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e amor.

 

«Deus é o ser infinitamente perfeito que é a

Santíssima Trindade» (S. Turíbio de Mongrovejo).

 

41. Em que sentido Deus é a verdade?  

214-217  

231

Deus é a própria Verdade e como tal não se engana e não pode enganar. Ele «é luz e  n’Ele não há trevas» (1 Jo 1,5). O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi enviado ao mundo «para dar testemunho da Verdade» ( Jo 18, 37).  

42. De que maneira Deus revela que é amor?

218-221

Deus revela-se a Israel como Aquele que tem um amor mais forte que o pai ou a mãe pelos seus filhos ou o esposo pela sua esposa. Ele, em Si mesmo, «é amor» (1 Jo 4,8.16), que se dá completa e gratuitamente, «que tanto amou o mundo que lhe deu o  seu próprio Filho unigénito, para que o mundo seja salvo por seu intermédio» ( Jo 3,16- 17). Enviando o seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela que Ele próprio é eterna permuta de amor.  

43. O que implica crer em um só Deus?

222-227  

229

Crer em Deus, o Único, implica: conhecer a sua grandeza e majestade; viver em acção  de graças; confiar sempre n’Ele, até nas adversidades; reconhecer a unidade e a  verdadeira dignidade de todos os homens, criados à imagem de Deus; usar rectamente  as coisas por Ele criadas.  

44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã?  

232-237

O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos  são baptizados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.  

45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido só pela razão humana? 237

Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas  a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha, e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do  envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos  os outros mistérios.  

46. O que nos revela Jesus Cristo sobre o mistério do Pai?

240-242

Jesus Cristo revela-nos que Deus é «Pai», não só enquanto é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu Verbo, «resplendor da sua glória, e imagem da sua substância» ( Heb 1, 3).

47. Quem é o Espírito Santo que Jesus Cristo nos revelou?

243-248

É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho.  Ele «procede do Pai» ( Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho ( Filioque ), pelo dom eterno que o Pai faz de  Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja «ao conhecimento da Verdade total» ( Jo 16, 13).  

48. Como é que a Igreja exprime a sua fé trinitária?  

249-256  

266

A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é  idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas  entre si, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é  gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.  

49. Como operam as três Pessoas divinas?  

257-260  

267

Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas são inseparáveis também no  seu operar: a Trindade tem uma só e mesma operação. Mas no único agir divino, cada Pessoa está presente segundo o modo que lhe é próprio na Trindade.  

 

«Ó meu Deus, Trindade que eu adoro... pacificai a minha alma;  

fazei dela o vosso céu, vossa morada querida e o lugar  

do vosso repouso. Que eu não vos deixe nunca só, mas que

 esteja lá, com todo o meu ser, toda vigilante na minha fé, toda

 em adoração, toda oferecida à vossa acção criadora»

  (Beata Isabel da Trindade).  

 

50. O que significa que Deus é omnipotente?  

268-278

Deus revelou-se como «o Forte, o Potente» ( Sal 24, 8-10), Aquele para quem «nada é  impossível» ( Lc 1,37). A sua omnipotência é universal, misteriosa, e manifesta-se na  criação do mundo a partir do nada e na criação do homem por amor, mas sobretudo na  Encarnação e na Ressurreição do Seu Filho, no dom da adopção filial e no perdão dos

pecados. Por isso a Igreja dirige a sua oração ao «Deus omnipotente e eterno» (« Omipotens sempiterne Deus »).  

51. Porque é importante afirmar: «No princípio criou Deus o céu e a terra» ( Gn 1,1)?  

279-289  

315

Porque a Criação é o fundamento de todos os projectos divinos de salvação; manifesta o  amor omnipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do Deus único com o seu povo; é o início da história da salvação que culmina em Cristo; é uma  primeira resposta às questões fundamentais do homem acerca da sua própria origem e  do seu fim.

52. Quem criou o mundo?  

290-292  

316

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e indivisível do mundo, ainda  que a obra da criação do mundo seja particularmente atribuída ao Pai.  

53. Para que foi criado o mundo?  

293-294  

319

O mundo foi criado para a glória de Deus, que quis manifestar e comunicar a sua  bondade, verdade e beleza. O fim último da criação é que Deus, em Cristo, possa ser  «tudo em todos» (1 Cor 15,28), para a sua glória e para a nossa felicidade.

 

«A Glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem  

 é a visão de Deus» (Santo Ireneu).

 

54. Como é que Deus criou o universo?  

295-301  

317-320

Deus criou o universo livremente, com sabedoria e amor. O mundo não é o produto duma necessidade, dum destino cego ou do acaso. Deus criou «do nada» ( ex nihilo : 2Mac 7,28) um mundo ordenado e bom, que Ele transcende infinitamente. Deus  conserva no ser a sua criação e sustenta-a, dando-lhe a capacidade de agir, e  conduzindo-a à sua realização, por meio do seu Filho e do Espírito Santo.

55. Em que consiste a Providência divina?  

302-306  

321

A Providência divina consiste nas disposições com as quais Deus conduz as suas  criaturas para a perfeição última, à qual Ele as chamou. Deus é o autor soberano do seu  desígnio. Mas para a realização do mesmo serve-se também da cooperação das suas  criaturas. Ao mesmo tempo, dá às criaturas a dignidade de agirem por si mesmas, de serem causas umas das outras.

56. Como é que o homem colabora com a Providência divina?  

307-308

323

Ao homem, Deus concede e requer, respeitando a sua liberdade, a colaboração através  das suas acções, das suas orações e mesmo com os seus sofrimentos, suscitando nele «o querer e o operar segundo os seus benévolos desígnios» ( Filp 2,13).  

57. Se Deus é omnipotente e providente porque é que existe o mal?  

309-310  

324. 400  

A esta pergunta, tão dolorosa quanto misteriosa, só o conjunto da fé cristã pode dar resposta. Deus não é de maneira nenhuma, nem directamente nem indirectamente, a  causa do mal. Ele ilumina o mistério do mal no seu Filho Jesus Cristo, que morreu e  ressuscitou para vencer aquele grande mal moral que é o pecado dos homens e que é a raiz dos outros males.  

58. Porque é que Deus permite o mal?

311-314  

324

A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal se do próprio mal não extraísse  o bem. Deus realizou admiravelmente isso mesmo na morte e ressurreição de Cristo: com efeito, do maior mal moral, a morte do Seu Filho, Ele retirou os bens maiores, a  glorificação de Cristo e a nossa redenção.  

 

O céu e a terra

 

59. O que é que Deus criou?  

325-327

A Sagrada Escritura diz: «No princípio Deus criou o céu e a terra» ( Gn 1,1). A Igreja,  na sua profissão de fé, proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis e  invisíveis: de todos os seres espirituais e materiais, isto é, dos anjos e do mundo visível, e em particular do homem.  

60. Quem são os anjos?

328-333  

350-351

Os anjos são criaturas puramente espirituais, incorpóreas, invisíveis e imortais, seres  pessoais dotados de inteligência e de vontade. Estes, contemplando incessantemente a Deus face a face, glorificam-no, servem-no e são os seus mensageiros no cumprimento da missão de salvação, em prol de todos os homens.  

61. Como é que os anjos estão presentes na vida da Igreja?

334-336  

352

A Igreja une-se aos anjos para adorar a Deus, invoca a sua assistência e celebra  liturgicamente a memória de alguns.  

 

«Cada fiel tem ao seu lado um anjo como protector e pastor,

para o conduzir à vida» (S. Basílio Magno).

 

62. Que ensina a Sagrada Escritura sobre a criação do mundo visível? 337-344

Ao narrar os «seis dias» da criação, a Sagrada Escritura dá-nos a conhecer o valor dos  seres criados e a sua finalidade de louvor a Deus e serviço ao homem. Todas as coisas  devem a sua existência a Deus, de quem recebem a sua bondade e perfeição, as suas leis  e o lugar no universo.  

63. Qual é o lugar do homem na criação?

343-344  

353

O homem é o vértice da criação visível, pois é criado à imagem e semelhança de Deus.  64. Que tipo de relação existe entre as coisas criadas?

342-354

Entre as criaturas existe uma interdependência e uma hierarquia queridas por Deus. Ao  mesmo tempo, existe uma unidade e solidariedade entre as criaturas, uma vez que todas  têm o mesmo Criador, são por Ele amadas e estão ordenadas para a sua glória. Respeitar  as leis inscritas na Criação e as relações derivantes da natureza das coisas é portanto um  princípio de sabedoria e um fundamento da moral.  

65. Qual a relação entre a obra da criação e a da redenção?  

345-349

A obra da criação culmina na obra ainda maior da redenção. Com efeito, esta dá início à  nova criação, na qual tudo reencontrará o seu pleno sentido e o seu acabamento.  

 

O homem

 

66. Em que sentido o homem é criado «à imagem de Deus»?

355-358

Afirmar que o homem é criado à imagem de Deus significa que ele é capaz de conhecer e amar, na liberdade, o próprio Criador. É a única criatura, nesta terra, que Deus quis  por si mesma e que chamou a partilhar a sua vida divina, no conhecimento e no amor.  Enquanto criado à imagem de Deus, o homem tem a dignidade de pessoa: não é uma  coisa mas alguém, capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de entrar em comunhão com Deus e com as outras pessoas.

67. Para que fim Deus criou o homem?  

358-359

Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado para conhecer, servir e amar a Deus, para Lhe oferecer neste mundo toda a criação em acção de graças e para ser  elevado à vida com Deus no céu. Só no mistério do Verbo encarnado se esclarece  verdadeiramente o mistério do homem, predestinado a reproduzir a imagem do Filho de Deus feito homem, que é a perfeita «imagem de Deus invisível» ( Col 1, 15).  

68. Porque é que os homens constituem uma unidade?

360-361

Todos os homens formam a unidade do género humano, graças à sua comum origem em Deus. Para além disso, Deus criou «a partir de um só homem todo o género humano» ( Act 17,26). Todos têm também um único Salvador e todos são chamados a partilhar a eterna felicidade de Deus.  

69. Como é que, no homem, a alma e o corpo formam uma unidade?

362-356  

382

A pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corpóreo e espiritual. O espírito e a matéria, no homem, formam uma única natureza. Esta unidade é tão profunda que, graças ao princípio espiritual que é a alma, o corpo, que é material, se torna um corpo  humano e vivo e participa na dignidade de imagem de Deus.  

70. Quem dá a alma ao ser humano?  

366-368  

383

A alma espiritual não vem dos pais, mas é criada directamente por Deus e é imortal.  Separando-se do corpo no momento da morte, ela não perece; voltará a unir-se  novamente ao corpo, no momento da ressurreição final.  

71. Que relação Deus estabeleceu entre o homem e a mulher?  

369-373  

383

O homem e a mulher foram criados por Deus com uma igual dignidade enquanto pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino. Deus quis que fossem um para o outro, para uma comunhão de pessoas. Juntos são também chamados a transmitir a vida humana, formando no  matrimónio «uma só carne» ( Gn 2, 24), e a dominar a terra como «administradores» de  Deus.  

72. Qual era a condição originária do homem segundo o projecto de Deus?

374-379  

384

Deus, criando o homem e a mulher, tinha-lhes dado uma participação especial na  própria vida divina, em santidade e justiça. Segundo o projecto de Deus, o homem não deveria nem sofrer nem morrer. Além disso, reinava uma harmonia perfeita no próprio ser humano, entre a criatura e o criador, entre o homem e a mulher, bem como entre o  primeiro casal humano e toda a criação.  

 

A queda

 

73. Como se compreende a realidade do pecado?

385-389

O pecado está presente na história do homem. Tal realidade só se esclarece plenamente à luz da Revelação divina, e sobretudo à luz de Cristo Salvador universal, que fez  superabundar a graça onde abundou o pecado.  

74. O que é a queda dos anjos?  

391-395  

414

Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros demónios de que falam a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja, de anjos criados bons por Deus, se transformaram em maus, porque, mediante uma opção livre e irrevogável, recusaram Deus e o seu Reino,  dando assim origem ao inferno. Procuram associar o homem à sua rebelião contra Deus;  mas Deus afirma em Cristo a Sua vitória segura sobre o Maligno.  

75. Em que consiste o primeiro pecado do homem?

396-403  

415-417

O homem, tentado pelo diabo, deixou apagar no seu coração a confiança em relação ao  seu Criador e, desobedecendo-lhe, quis tornar-se «como Deus», sem Deus e não segundo Deus ( Gn 3, 5). Assim, Adão e Eva perderam imediatamente, para si e para  todos os seus descendentes, a graça da santidade e da justiça originais.  

76. O que é o pecado original?  

404  

419

O pecado original, no qual todos os homens nascem, é o estado de privação da santidade  e da justiça originais. É um pecado por nós «contraído» e não «cometido»; é uma condição de nascimento e não um acto pessoal. Por causa da unidade de origem de  todos os homens, ele transmite-se aos descendentes de Adão com a natureza humana,  «não por imitação mas por propagação». Esta transmissão permanece um mistério que  não podemos compreender plenamente.  

77. Que outras consequências provoca o pecado original?

405-409  

418

Em consequência do pecado original, a natureza humana, sem ser totalmente  corrompida, fica ferida nas suas forças naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento, ao poder da morte, e inclinada ao pecado. Tal inclinação é chamada concupiscência .  

78. Depois do primeiro pecado, o que fez Deus?  

410-412  

420

Após o primeiro pecado, o mundo foi inundado por pecados, mas Deus não abandonou o homem ao poder da morte. Pelo contrário, pré-anunciou de modo misterioso – no  «Proto-evangelho» ( Gn 3,15) – que o mal seria vencido e o homem levantado da queda. É o primeiro anúncio do Messias redentor. Por isso a queda será mesmo chamada feliz  culpa , porque «mereceu um tal e tão grande Redentor» (Liturgia da Vigília pascal).

 

CAPÍTULO SEGUNDO  

CREIO EM JESUS CRISTO,  

O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS

 

79. Qual é a Boa Nova para o homem?

422-424

É o anúncio de Jesus Cristo, «o Filho do Deus vivo» ( Mt 16,16), morto e ressuscitado.  No tempo do rei Herodes e do imperador César Augusto, Deus cumpriu as promessas  feitas a Abraão e à sua descendência enviando «o Seu Filho, nascido de uma mulher e  

sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei, e nos tornar seus filhos  adoptivos» ( Gal 4, 4-5).  

80. Como se difunde esta Boa Nova?

425-429

Desde o início os primeiros discípulos tiveram um ardente desejo de anunciar Jesus  Cristo, com o fim de conduzir à fé n’Ele. Também hoje, do amoroso conhecimento de  Cristo nasce o desejo de evangelizar e catequizar, isto é, de revelar na sua pessoa o  pleno desígnio de Deus e de colocar a humanidade em comunhão com Ele.  

 

«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»  

81. Que significa o nome «Jesus»?

430-435  

452

Dado pelo Anjo no momento da Anunciação, o nome «Jesus» significa «Deus salva».  Exprime a sua identidade e a sua missão, «porque é Ele que salvará o seu povo dos seus  pecados» ( Mt 1,21). Pedro afirma que «não existe debaixo do céu outro Nome dado aos  homens pelo qual possamos ser salvos» ( Act 4,12).

82. Porque é que Jesus é chamado «Cristo»?  

436-440  

453

«Cristo» em grego, «Messias» em hebraico, significa «ungido». Jesus é o Cristo porque  é consagrado por Deus, ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o  Messias esperado por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de Messias, precisando porém o seu sentido: «descido do céu» ( Jo 3,13), crucificado e depois ressuscitado, Ele é o Servo Sofredor «que dá a sua vida em resgate pela multidão» ( Mt 20,28). Do nome Cristo é que veio para nós o nome de cristãos .  

83. Em que sentido Jesus é o «Filho Unigénito de Deus»?  

441-445  

454

No sentido único e perfeito. No momento do Baptismo e da Transfiguração, a voz do Pai designa Jesus como seu «Filho predilecto». Apresentando-se a Si mesmo como o  Filho que «conhece o Pai» ( Mt 11,27), Jesus afirma a Sua relação única e eterna com

Deus Seu Pai. Ele é «o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da  Trindade. É o centro da pregação apostólica: os Apóstolos viram «a Sua glória, como de  Unigénito do Pai» ( Jo 1, 14).  

84. O que significa o título «Senhor»?  

446-451  

455

Na Bíblia, este título designa habitualmente Deus Soberano. Jesus atribui-o a si mesmo e revela a sua soberania divina através do poder sobre a natureza, sobre os demónios, sobre o pecado e sobre a morte, sobretudo com a sua Ressurreição. As primeiras confissões cristãs proclamam que o poder, a honra e a glória devidas a Deus Pai são também devidas a Jesus: Deus «deu-Lhe o Nome que está acima de todos os nomes» ( Fil 2,9). Ele é o Senhor do mundo e da história, o único a quem o homem deve  submeter completamente a própria liberdade pessoal.  

 

«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER  

DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»  

 

85. Porque é que o Filho de Deus se fez homem?

456-460

O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por  causa de nós homens e para nossa salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós

pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso  modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4).  

86. Que significa a palavra «Encarnação»?  

461-463  

483

A Igreja chama «Encarnação» ao mistério da admirável união da natureza divina e da natureza humana na única Pessoa divina do Verbo. Para realizar a nossa salvação, o  Filho de Deus fez-se «carne» ( Jo 1,14) tornando-se verdadeiramente homem. A fé na  Encarnação é o sinal distintivo da fé cristã.  

87. De que modo Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem?

464-467  

469

Jesus é, inseparavelmente, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade da sua Pessoa divina. Ele, o Filho de Deus, que é «gerado, não criado, consubstancial ao Pai»,  fez-se verdadeiramente homem, nosso irmão, sem com isto deixar de ser Deus, nosso Senhor.  

88. Que ensina acerca disto o Concílio de Calcedónia (ano 451)? 467

O Concílio de Calcedónia ensina a confessar «um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na sua divindade e perfeito na sua humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem, composto de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela humanidade, “em tudo semelhante a nós,  excepto no pecado” ( Heb 4, 15); gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo a divindade e, nestes últimos tempos, por nós homens e para nossa salvação, nascido da  Virgem Maria e Mãe de Deus, segundo a humanidade».  

89. Como é que a Igreja exprime do mistério da Encarnação?  

464-469  

479-481

Exprime-o afirmando que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, com duas naturezas, a divina e a humana, que se não confundem, mas estão unidas na Pessoa  do Verbo. Portanto, na humanidade de Jesus, tudo – milagres, sofrimento, morte – deve  ser atribuído à sua Pessoa divina, que age através da natureza humana assumida.  

 

«Ó Filho Unigénito e Verbo de Deus, Tu que és imortal, para a nossa salvação  dignaste-Te encarnar no seio da santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria ( ... ). Tu

que és Um da Santa Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salva-nos!» (Liturgia Bizantina de S. João Crisóstomo).  

 

90. O Filho de Deus feito homem tinha uma alma com um conhecimento humano?  

470-474  

482

O Filho de Deus assumiu um corpo animado por uma alma racional humana. Com a sua inteligência humana, Jesus aprendeu muitas coisas através da experiência. Mas também,  como homem, o Filho de Deus tinha um conhecimento íntimo e imediato de Deus seu Pai. Penetrava igualmente os pensamentos secretos dos homens e conhecia plenamente os desígnios eternos que Ele viera revelar.  

91. Como se harmonizam as duas vontades do Verbo encarnado?  

475  

482

Jesus tem uma vontade divina e uma vontade humana. Na sua vida terrena, o Filho de  Deus quis humanamente o que divinamente decidiu com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação. A vontade humana de Cristo segue, sem oposição ou relutância, a  vontade divina, ou melhor, está subordinada a ela.  

92. Cristo tinha um verdadeiro corpo humano?  

476-477

Cristo assumiu um verdadeiro corpo humano, através do qual Deus invisível se tornou  visível. Por esta razão, Cristo pode ser representado e venerado nas santas imagens.  

93. O que significa o Coração de Jesus?

478

Jesus conheceu-nos e amou-nos com um coração humano. O Seu coração trespassado para nossa salvação é o símbolo daquele infinito amor com o qual Ele ama o Pai e cada um dos homens.  

94. «Concebido por obra do Espírito Santo...»: o que significa esta expressão? 484-486

Significa que a Virgem Maria concebeu o Filho eterno no seu seio, por obra do Espírito  Santo e sem a colaboração de homem: «O Espírito Santo descerá sobre ti» ( Lc 1, 35),  disse-lhe o Anjo na Anunciação.

95. «…Nascido da Virgem Maria»: porque é que Maria é verdadeiramente Mãe de  Deus?

495  

509

Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é a mãe de Jesus ( Jo 2,1; 19,25). Com efeito, Aquele que foi concebido por obra do Espírito Santo e que se tornou verdadeiramente Filho de Maria é o Filho eterno de Deus Pai. É Ele mesmo Deus.  

96. O que significa «Imaculada Conceição»?  

487-492  

508

Deus escolheu gratuitamente Maria desde toda a eternidade para que fosse a Mãe de seu  Filho: para cumprir tal missão, foi concebida imaculada . Isto significa que, pela graça de Deus e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Maria foi preservada do pecado original desde a sua concepção.  

97. Como colabora Maria no desígnio divino da salvação?  

493-494  

508-511

Durante toda a sua existência, por graça de Deus, Maria conservou-se imune de todo o  pecado pessoal. É a «cheia de graça» ( Lc 1,28) e a «Toda Santa». Quando o Anjo lhe  anuncia que dará à luz «o Filho do Altíssimo» ( Lc 1,32), dá livremente o seu assentimento com a «obediência da fé» ( Rm 1,5). Maria entrega-se totalmente à Pessoa e obra do seu Filho Jesus, abraçando com toda a alma a vontade divina de salvação.  

98. Que significa a conceição virginal de Jesus?

496-498  

503

Significa que Jesus foi concebido no seio da Virgem apenas pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção de homem. Ele é o Filho do Pai celeste, segundo a natureza  divina, e Filho de Maria segundo a natureza humana, mas propriamente Filho de Deus  nas suas naturezas, existindo nele uma única Pessoa, a divina.  

99. Em que sentido Maria é «sempre Virgem»?

499-507  

510-511

No sentido de que Maria «permaneceu Virgem na concepção do seu Filho, Virgem no parto, Virgem grávida, Virgem mãe, Virgem perpétua» (Santo Agostinho). Portanto,  quando os Evangelhos falam de «irmãos e irmãs de Jesus», trata-se de parentes  próximos de Jesus, segundo uma expressão usual na Sagrada Escritura.

100. De que modo é que a maternidade espiritual de Maria é universal?  

501-507  

511

Maria tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a todos os homens que Ele veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem é a nova Eva , a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da  Igreja e a sua realização mais perfeita.  

101. Em que sentido toda a vida de Cristo é Mistério?  

512-521  

561-562

Toda a vida de Cristo é acontecimento de revelação: o que é visível na vida terrena de Jesus conduz ao seu Mistério invisível , sobretudo ao Mistério da sua filiação divina :  «quem me vê, vê o Pai» ( Jo 14, 19). Além disso, embora a salvação provenha  plenamente da cruz e da ressurreição, toda a vida de Cristo é Mistério de salvação , porque tudo o que Jesus fez, disse e sofreu tinha como objectivo salvar o homem caído  e restabelece-lo na sua vocação de filho de Deus.  

102. Quais foram as preparações para os Mistérios de Jesus?  

522-524

Antes de mais, houve uma longa preparação de muitos séculos, que nós revivemos na celebração litúrgica do tempo do Advento. Para além da obscura expectativa que colocou no coração dos pagãos, Deus preparou a vinda do seu Filho através da Antiga  Aliança, até João Baptista que é o último e o maior dos profetas.  

103. Que ensina o Evangelho sobre os Mistérios do nascimento e da infância de  Jesus?  

525-530  

563-564

No Natal , a glória do Céu manifesta-se na debilidade dum menino; a circuncisão de Jesus é sinal da pertença ao povo hebraico e prefiguração do nosso Baptismo; a Epifania é a manifestação do Rei-Messias de Israel a todas as gentes; na sua apresentação no templo , em Simeão e Ana é toda a esperança de Israel que vem ao encontro do seu Salvador; a fuga para o Egipto e a matança dos inocentes anunciam que toda a vida de Cristo estará sob o sinal da perseguição; o seu regresso do Egipto recorda o Êxodo e apresenta Jesus como o novo Moisés: Ele é o verdadeiro e definitivo libertador.  

104. O que é que nos ensina a vida oculta de Jesus em Nazaré?

533-534  

564

Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no silêncio duma vida normal.  Permite-nos assim estar em comunhão com Ele, na santidade duma vida quotidiana feita  de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor familiar. A sua submissão a Maria e a  José, seu pai putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. Maria e José, com a sua fé, acolhem o Mistério de Jesus, ainda que nem sempre o compreendam.  

105. Porque é que Jesus recebe de João o «baptismo de conversão para o perdão dos pecados» ( Lc 3, 3)?  

535-537  

565

Para dar início à sua vida pública e antecipar o «Baptismo» da Sua morte: aceita assim, embora sendo sem pecado, ser contado entre os pecadores, Ele, «o Cordeiro de Deus  que tira o pecado do mundo» ( Jo 1,29). O Pai proclama-O Seu «Filho predilecto» ( Mt 3,17) e o Espírito desce sobre Ele. O baptismo de Jesus é a prefiguração do nosso  baptismo.  

106. O que revelam as tentações de Jesus no deserto?  

538-540  

566

As tentações de Jesus recapitulam a tentação de Adão no paraíso e as de Israel no  deserto. Satanás tenta Jesus na sua obediência à missão que Lhe tinha sido confiada pelo Pai. Cristo, novo Adão, resiste, e a sua vitória anuncia a vitória da sua paixão, suprema obediência do seu amor filial. A Igreja une-se, em particular, a este Mistério, no tempo litúrgico da Quaresma .  

107. Quem é convidado para o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus?  

541-546  

567

Jesus convida todos os homens a tomar parte no Reino de Deus. Mesmo o pior pecador  é chamado a converter-se e a aceitar a infinita misericórdia do Pai. O Reino pertence, já  aqui sobre a terra, àqueles que o acolhem com coração humilde. É a eles que são revelados os seus Mistérios.  

108. Porque é que Jesus anuncia o Reino com sinais e milagres?  

547-550  

567

Jesus acompanha a sua palavra com sinais e milagres para atestar que o Reino está presente n’Ele, o Messias. Embora Ele cure algumas pessoas, não veio para eliminar  todos os males aqui na terra, mas, antes de mais, para nos libertar da escravidão do

pecado. A expulsão dos demónios anuncia que a sua cruz será vitoriosa sobre o «príncipe deste mundo» ( Jo 12,31).  

109. Que autoridade confere Jesus aos seus Apóstolos, no Reino?  

551-553  

567

Jesus escolhe os Doze , futuras testemunhas da sua Ressurreição, e torna-os participantes  da sua missão e da sua autoridade para ensinar, absolver os pecados, edificar e governar  a Igreja. Neste colégio, Pedro recebe «as chaves do Reino» ( Mt 16,19) e ocupa o primeiro lugar, com a missão de guardar a fé na sua integridade e de confirmar os seus  irmãos.  

110. Qual o significado da transfiguração?  

554-556  

568

Na Transfiguração aparece antes de mais a Trindade: «O Pai na voz, o Filho no homem, o Espírito na nuvem brilhante» (S. Tomás de Aquino). Evocando, com Moisés e Elias, a  sua «partida» ( Lc 9, 31), Jesus mostra que a sua glória passa através da cruz e antecipa a  

sua ressurreição e a sua vinda gloriosa, pois «transfigurará o nosso pobre corpo para  transformá-lo no seu corpo glorioso» ( Filp 3, 21).  

 

«Transfiguraste-Te sobre a montanha e, na medida em que disso eram capazes, os teus  discípulos contemplaram a Tua glória, Cristo Deus, para que, quando te vissem crucificado, compreendessem que a Tua Paixão era voluntária, e anunciassem ao mundo que Tu és verdadeiramente a irradiação do Pai» (Liturgia Bizantina).

 

111. Como se deu a entrada messiânica em Jerusalém?

557-560  

569-570

No tempo estabelecido, Jesus decide subir a Jerusalém para sofrer a sua paixão, morrer  e ressuscitar. Como Rei Messias que manifesta a vinda do reino, Ele entra na sua cidade  montado num jumento. É acolhido pelos humildes, cuja aclamação é retomada no   Sanctus eucarístico: «Bendito aquele que vem no nome do Senhor! Hossana (salva nos) » ( Mt 21,9). A liturgia da Igreja inicia a Semana Santa com a celebração desta  entrada em Jerusalém.

 

«JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS,

 FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»

 

112. Qual é a importância do Mistério pascal de Jesus?

571-573

O Mistério pascal de Jesus, que compreende a sua paixão, morte, ressurreição e glorificação, está no centro da fé cristã, porque o desígnio salvífico de Deus se realizou  uma vez por todas com a morte redentora do seu Filho, Jesus Cristo.  

113. Quais as acusações para a condenação de Jesus?  

574-576

Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o templo de Jerusalém, e em particular contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de  Deus. Por isso, O entregaram a Pilatos, para que O condenasse à morte.  

114. Qual o comportamento de Jesus, em relação à Lei de Israel?  

577-582  

592

Jesus não aboliu a Lei, dada por Deus a Moisés no Sinai, mas levou-a à plenitude,  dando-lhe a interpretação definitiva. É o Legislador divino que cumpre integralmente  esta Lei. Além disso, Ele, o Servo fiel, oferece mediante a sua morte expiadora o único sacrifício capaz de redimir todas «as faltas cometidas durante a primeira Aliança» ( Heb 9,15).  

115. Qual a atitude de Jesus em relação ao templo de Jerusalém?

583-586  

593

Jesus foi acusado de hostilidade em relação ao Templo. Contudo Ele venerou-o como «a morada do seu Pai» ( Jo 2,16) e consagrou-lhe uma parte importante do seu ensino.  Mas predisse também a sua destruição, em relação com a sua própria morte, e Ele  mesmo se apresentou como a morada definitiva de Deus entre os homens.  

116. Jesus contradisse a fé de Israel no Deus único e salvador?

587-591  

594

Jesus nunca contradisse a fé num Deus único, nem sequer quando realizava a obra  divina por excelência que cumpria as promessas messiânicas e o revelava igual a Deus: o perdão dos pecados. A exigência feita por Jesus de fé na sua pessoa e de conversão permite compreender a trágica incompreensão do Sinédrio que considerou Jesus merecedor de morte porque blasfemo.

117. Quem é responsável pela morte de Jesus?  

595-598

A paixão e a morte de Jesus não podem ser imputadas indistintamente nem a todos os  judeus então vivos, nem aos outros judeus que depois viveram no tempo e no espaço. Cada pecador, isto é, cada homem, é realmente causa e instrumento dos sofrimentos do  Redentor, e culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que mais  frequentemente caem no pecado ou se deleitam nos vícios.  

118. Porque é que a morte de Cristo faz parte do desígnio de Deus?  

599-605  

619

Para reconciliar consigo todos os homens votados à morte por causa do pecado, Deus  tomou a iniciativa amorosa de enviar o Seu Filho para que se entregasse à morte pelos pecadores. Anunciada no Antigo Testamento, em particular como sacrifício do Servo  sofredor, a morte de Jesus acontece «segundo as Escrituras».  

119. Com é que Cristo se ofereceu ao Pai?  

606-609  

620

Toda a vida de Cristo é oferta livre ao Pai para realizar o seu desígnio de salvação. Ele  dá «a sua vida em resgate por muitos» ( Mc 10,45) e deste modo reconcilia com Deus  toda a humanidade. O seu sofrimento e a sua morte manifestam como a sua humanidade é o instrumento livre e perfeito do Amor divino que quer a salvação de todos os  homens.  

120. Como se manifesta na última Ceia a oferta de Jesus?

610-611  

621

Na última Ceia com os Apóstolos, na vigília da paixão, Jesus antecipa, isto é, significa e realiza antecipadamente a oferta voluntária de Si mesmo: «este é o meu corpo entregue por vós», «este é o meu sangue, que é derramado ...» ( Lc 22,19-20). Ele institui assim ao

mesmo tempo a Eucaristia como «memorial» (1 Cor 11,25) do seu sacrifício e os seus  Apóstolos como sacerdotes da nova Aliança.  

121. Que acontece na agonia do horto do Getsemani?  

612

Apesar do horror que a morte provoca na humanidade santíssima d’Aquele que é o próprio «Autor da vida» ( Act 3,15), a vontade humana do Filho de Deus adere à vontade do Pai: para nos salvar, Jesus aceita carregar sobre Si os nossos pecados no seu corpo, «fazendo-se obediente até à morte» ( Fil 2,8).

122. Quais os efeitos do sacrifício de Cristo na cruz?  

613-617  

622-623

Jesus ofereceu livremente a Sua vida em sacrifício de expiação, isto é, reparou as nossas  culpas com a plena obediência do Seu amor até à morte. Este «amor até ao fim» ( Jo 13,1) do Filho de Deus reconcilia com o Pai toda a humanidade. O sacrifício pascal de  Cristo resgata portanto os homens num modo único, perfeito e definitivo, e abre-lhes a  comunhão com Deus.  

123. Porque é que Jesus convida os discípulos a tomar a sua cruz? 618

Chamando os discípulos a «tomar a sua cruz e a segui-Lo» ( Mt 16,24), Jesus quer  associar ao seu sacrifício redentor aqueles mesmos que dele sãos os primeiros beneficiários.  

124. Em que condições estava o corpo de Cristo no sepulcro?  

624-630

Cristo conheceu uma verdadeira morte e uma verdadeira sepultura. Mas o poder divino  preservou o seu corpo da corrupção.

 

«JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS,  

 RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»

 

125. O que são «os infernos», aos quais Jesus desceu?

632-637

Os «infernos» (não confundir com o inferno da condenação) ou mansão dos mortos, designam o estado de todos aqueles que, justos ou maus, morreram antes de Cristo. Com a alma unida à sua Pessoa divina, Jesus alcançou, nos infernos, os justos que esperavam o seu Redentor para acederem finalmente à visão de Deus. Depois de com a sua morte, ter vencido a morte e o diabo «que da morte tem o poder» ( Heb 2,14), libertou os justos que esperavam o Redentor, e abriu-lhes as portas do Céu.

126. Que lugar ocupa a ressurreição de Cristo na nossa fé?

631, 638  

A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo e representa, com a Cruz, uma parte essencial do Mistério pascal.

127. Que «sinais» atestam a ressurreição de Jesus?  

639-644  

656-657

Para além do sinal essencial constituído pelo túmulo vazio, a Ressurreição de Jesus é  atestada pelas mulheres que foram as primeiras a encontrar Jesus e o anunciaram aos  Apóstolos. A seguir, Jesus «apareceu a Cefas (Pedro) e depois aos Doze. Seguidamente,  apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez» (1 Cor 15,5-6) e a outros ainda.  Os Apóstolos não teriam podido inventar a Ressurreição, uma vez que esta lhes parecia  impossível: de facto, Jesus repreendeu-os pela sua incredulidade.  

128. Porque é que a Ressurreição é ao mesmo tempo um acontecimento transcendente?  

647  

656-657

Embora seja um acontecimento histórico, constatável e atestado através dos sinais e testemunhos, a Ressurreição, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de  Deus, transcende e supera a história, como mistério da fé. Por este motivo, Cristo ressuscitado não se manifestou ao mundo mas aos seus discípulos, fazendo deles as suas  testemunhas junto do povo.  

129. Qual é o estado do corpo ressuscitado de Jesus?  

645-646

A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena. O Seu corpo ressuscitado é Aquele que foi crucificado e apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas é doravante  participante da vida divina com as propriedades dum corpo glorioso. Por esta razão, Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos seus discípulos como Ele quer,  onde Ele quer e sob aspectos diversos.  

130. De que modo a Ressurreição é obra da Santíssima Trindade? 648-650

A Ressurreição de Cristo é uma obra transcendente de Deus. As três Pessoas actuam  conjuntamente segundo o que lhes é próprio: o Pai manifesta o Seu poder; o Filho «retoma» a vida que livremente ofereceu ( Jo 10,17) reunindo a Sua alma e o Seu corpo,  que o Espírito vivifica e glorifica.  

131. Qual o sentido e a importância da Ressurreição?

651-655  

658

A Ressurreição é o culminar da Encarnação. Ela confirma a divindade de Cristo, e  também tudo o que Ele fez e ensinou, e realiza todas as promessas divinas em nosso

favor. Além disso, o Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, é o princípio da  nossa justificação e da nossa Ressurreição: a partir de agora, Ele garante-nos a graça da adopção filial que é a participação real na sua vida de Filho unigénito; depois, no final dos tempos, Ele ressuscitará o nosso corpo.  

 

«JESUS SUBIU AO CÉU  

 ESTÁ SENTADO À DIREITA DO PAI OMNIPOTENTE»  

 

132. O que é que significa a Ascensão?  

659-667

Passados os quarenta dias em que se mostrou aos Apóstolos sob as aparências duma humanidade normal que ocultavam a sua glória de Ressuscitado, Cristo sobe ao céu e senta-se à direita do Pai. Ele é o Senhor que agora reina com a sua humanidade na glória  eterna de Filho de Deus e sem cessar intercede por nós junto do Pai. Envia-nos o Seu  Espírito e tendo-nos preparado um lugar, dá-nos a esperança de um dia ir ter com Ele.

 

«DE ONDE VIRÁ A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS»

 

133. Como reina agora o Senhor Jesus?  

668-674  

680

Senhor do cosmos e da história, Cabeça da sua Igreja, Cristo glorificado permanece  misteriosamente sobre a terra, onde o Seu Reino já está presente como germe e início na  Igreja. Ele um dia voltará em glória, mas não sabemos quando. Por isso, vivemos  vigilantes, rezando: «Vem, Senhor» ( Ap 22,20).  

134. Como se realizará a vinda do Senhor na glória?

675-677  

680

Após o último abalo cósmico deste mundo que passa, a vinda gloriosa de Cristo  acontecerá com o triunfo definitivo de Deus na Parusia de Cristo e com o Juízo final.  Assim se cumprirá o Reino de Deus.  

135. Como é que Cristo julgará os vivos e os mortos?

678-679  

681-682

Cristo julgará com o poder adquirido como Redentor do mundo, vindo para salvar os  homens. Os segredos dos corações serão revelados, bem como o procedimento de cada um em relação a Deus e ao próximo. Cada homem será repleto de vida ou condenado  para a eternidade segundo as suas obras. Assim se realizará «a plenitude de Cristo» ( Ef 4,13), na qual «Deus será tudo em todos» (1 Cor 15,28).

 

CAPÍTULO TERCEIRO  

CREIO NO ESPÍRITO SANTO  

«CREIO NO ESPÍRITO SANTO»

 

136. Que quer dizer a Igreja quando professa: «Creio no Espírito Santo»? 683-686

Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que  procede do Pai e do Filho, e «com o Pai e o Filho é adorado e glorificado». O Espírito  foi «enviado aos nossos corações» ( Gal 4,6) para recebermos a vida nova de filhos de Deus.  

137. Porque é que as missões do Filho e do Espírito são inseparáveis?

687-690  

742-743

Na Trindade indivisível, o Filho e o Espírito são distintos mas inseparáveis. De facto, desde o princípio até ao final dos tempos, quando o Pai envia o Seu Filho, envia  também o Seu Espírito que nos une a Cristo na fé, para, como filhos adoptivos,  podermos chamar Deus «Pai» ( Rm 8,15). O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo através da sua acção quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja.  

138. Quais são as designações do Espírito Santo?  

691-693

«Espírito Santo» é o nome próprio da terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus chama-lhe também: Espírito Paráclito (Consolador, Advogado) e Espírito de Verdade.  O Novo Testamento chama-o ainda: Espírito de Cristo, do Senhor, de Deus, Espírito da glória, da promessa.  

139. Com que símbolos se representa o Espírito Santo?

694-701

São numerosos: a água viva que jorra do coração trespassado de Cristo e dessedenta os  baptizados; a unção com o óleo que é o sinal sacramental da Confirmação; o fogo que  transforma o que toca; a nuvem , obscura e luminosa, na qual se revela a glória divina; a   imposição das mãos mediante a qual é dado o Espírito; a pomba que desce sobre Cristo e permanece sobre Ele no baptismo.

140. O que significa que o Espírito «falou pelos profetas»?  

687-688  

702-706  

743

Com o termo profetas entende-se todos os que foram inspirados pelo Espírito Santo para falar em nome de Deus. O Espírito conduz as profecias do Antigo Testamento ao seu pleno cumprimento em Cristo, de quem revela o mistério no Novo Testamento.  

141. O que é que o Espírito Santo realiza em João Baptista?

717-720

João Baptista, o último profeta do Antigo Testamento é cheio do Espírito Santo, que o  envia a «preparar para o Senhor um povo bem disposto» ( Lc 1,17) e a anunciar a vinda  de Cristo, Filho de Deus: Aquele sobre o qual João viu o Espírito descer e permanecer, «Aquele que baptiza no Espírito» ( Jo 1,33).  

142. Qual é a obra do Espírito em Maria?

721-726  

744

Em Maria, o Espírito Santo realiza as expectativas e a preparação do Antigo Testamento para a vinda de Cristo. De forma única enche-a de graça e torna fecunda a sua virgindade para dar à luz o Filho de Deus encarnado. Faz dela a Mãe do «Cristo total»,  isto é, de Jesus Cabeça e da Igreja que é o seu corpo. Maria está com os Doze no dia de Pentecostes, quando o Espírito inaugura os «últimos tempos» com a manifestação da Igreja.  

143. Qual a relação entre o Espírito e Cristo Jesus, na missão terrena?  

727-730  

745-746

O Filho de Deus é consagrado Messias através da unção do Espírito na sua humanidade  desde a Encarnação. Ele revela-O no seu ensino, cumprindo a promessa feita aos  antepassados e comunica-O à Igreja nascente, soprando sobre os Apóstolos depois da Ressurreição.  

144. O que acontece no Pentecostes?

731-732  

738

Cinquenta dias após a Ressurreição, no Pentecostes, Jesus Cristo glorificado infunde o Espírito em abundância e manifesta-O como Pessoa divina, de modo que a Santíssima  Trindade é plenamente revelada. A Missão de Cristo e do Espírito torna-se a Missão da Igreja, enviada a anunciar e a difundir o mistério da comunhão trinitária.  

 

«Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontrámos a verdadeira fé:  adoramos a Trindade indivisível porque nos salvou» (Liturgia Bizantina, Tropário das  Vésperas de Pentecostes)

 

145. Que faz o Espírito Santo na Igreja?

733-741  

747

O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja: Espírito de Amor, Ele torna a dar aos  baptizados a semelhança divina perdida por causa do pecado e fá-los viver em Cristo da própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os a testemunhar a Verdade de Cristo e  organiza-os nas suas mútuas funções, para que todos dêem «o fruto do Espírito» ( Gal 5,22).  

146. Como actuam Cristo e o seu Espírito no coração dos fiéis? 738-741

Por meio dos sacramentos, Cristo comunica aos membros do Seu Corpo o Seu Espírito  e a graça de Deus que produz os frutos de vida nova , segundo o Espírito. Finalmente, o  Espírito Santo é o Mestre da oração .

 

«CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA»

A Igreja no desígnio de Deus

 

147. O que significa a palavra Igreja ?  

751-752  

777-804

Designa o povo que Deus convoca e reúne de todos os confins da terra, para constituir a assembleia daqueles que, pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros de Cristo e templo do Espírito Santo.  

148. Há, na Bíblia, outros nomes e imagens para indicar a Igreja?

758-766  

778

Na Sagrada Escritura encontramos muitas imagens que põem em evidência aspectos  complementares do mistério da Igreja. O Antigo Testamento privilegia as imagens ligadas ao povo de Deus ; o Novo Testamento privilegia as imagens ligadas a Cristo como Cabeça deste povo que é o Seu Corpo, e as imagens retiradas da vida pastoril (redil, rebanho, ovelhas), agrícola (campo, oliveira, vinha) habitacional (morada, pedra, templo), familiar (esposa, mãe, família).

149. Quais são as origens e a realização plena da Igreja?  

758-766  

778

A Igreja encontra a sua origem e a sua realização plena no eterno desígnio de Deus. Foi preparada na Antiga Aliança com a eleição de Israel, sinal da reunião futura de todas as  nações. Fundada pelas palavras e acções de Jesus Cristo, foi realizada sobretudo mediante a sua morte redentora e a sua ressurreição. Foi depois manifestada como  mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Terá a  sua realização plena no fim dos tempos, como assembleia celeste de todos os redimidos.  

150. Qual é a missão da Igreja?

767-769

A missão da Igreja é a de anunciar e instaurar no meio de todos os povos o Reino de  Deus inaugurado por Jesus Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino  salvífico.  

151. Em que sentido a Igreja é Mistério ?

770-773  

779

A Igreja é Mistério enquanto na sua realidade visível está presente e operante uma  realidade espiritual, divina, que se descobre unicamente com os olhos da fé.  

152. Que significa que a Igreja é sacramento universal de salvação?

774-776  

780

Significa que é sinal e instrumento da reconciliação e da comunhão de toda a humanidade com Deus e da unidade de todo o género humano.

 

A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo    

153. Porque é que a Igreja é povo de Deus?  

781  

802-804

A Igreja é o povo de Deus porque aprouve a Deus santificar e salvar os homens não isoladamente mas constituindo-os num só povo, reunido pela unidade do Pai e do Filho  e do Espírito Santo.  

154. Quais são as características do povo de Deus?

782

Este povo, de que nos tornamos membros mediante a fé em Cristo e o Baptismo, tem  por origem Deus Pai, por cabeça Jesus Cristo, por condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, por lei o mandamento novo do amor, por missão a de ser o sal da  terra e a luz do mundo, por fim o Reino de Deus, já iniciado na terra.

155. Em que sentido o povo de Deus participa das três funções de Cristo: Sacerdote, Profeta e Rei?  

783-786

O povo de Deus participa no ministério sacerdotal de Cristo, enquanto os baptizados  são consagrados pelo Espírito Santo para oferecer sacrifícios espirituais; participa no  seu ministério profético , enquanto, com o sentido sobrenatural da fé, a esta adere  indefectivelmente, a aprofunda e testemunha; e participa no seu ministério real com o  serviço, imitando Jesus Cristo, que, rei do universo, se fez servo de todos, sobretudo dos  pobres e dos que sofrem.  

156. Como é que a Igreja é corpo de Cristo?  

787-791  

805-806

Por meio do Espírito, Cristo morto e ressuscitado une intimamente a Si os seus fiéis. Deste modo, os crentes em Cristo, enquanto unidos estreitamente a Ele, sobretudo na  Eucaristia, são unidos entre si na caridade, formando um só corpo, a Igreja, cuja unidade se realiza na diversidade dos membros e das funções.  

157. Quem é a cabeça deste corpo?

792-795  

807

Cristo «é a Cabeça do corpo, que é a Igreja ( Col 1,18). A Igreja vive d’Ele, n’Ele e para Ele. Cristo e a Igreja formam o «Cristo total» (S. Agostinho); «Cabeça e membros são, por assim dizer, uma só pessoa mística» (S. Tomás de Aquino).  

158. Porque é que a Igreja é chamada esposa de Cristo?  

796

808

Porque o próprio Senhor Se definiu como o «Esposo» ( Mc 2,19), que amou a Igreja,  unindo-a a Si por uma Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a purificar com o Seu sangue, «para a tornar santa» ( Ef 5,26) e fazer dela mãe fecunda de  todos os filhos de Deus. Enquanto a palavra «corpo» evidencia a unidade da «cabeça» com os membros, o termo «esposa» sublinha a distinção dos dois na relação pessoal.  

159. Porque é que a Igreja é designada templo do Espírito Santo ?

797-798

809-810

Porque o Espírito Santo reside no corpo que é a Igreja: na sua Cabeça e nos seus  membros; para além disso, Ele edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os  sacramentos, as virtudes e os carismas .

 

«O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito Santo é-o para os membros de Cristo, para o corpo de Cristo, que é a Igreja» ( S.  Agostinho).

 

160. Que são os carismas?  

799-801

Os carismas são dons especiais do Espírito concedidos a alguém para o bem dos  homens, para as necessidades do mundo e em particular para a edificação da Igreja, a cujo Magistério compete o seu discernimento.  

 

A Igreja é una, santa, católica e apostólica

 

161. Porque é que a Igreja é una?

813-815

866

A Igreja é una porque tem como origem e modelo a unidade na Trindade das Pessoas de um só Deus; porque tem como fundador e cabeça Jesus Cristo, que restabelece a unidade de todos os povos num só corpo; e porque tem como alma o Espírito Santo, que  une todos os fiéis na comunhão em Cristo. Ela tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade.  

162. Onde subsiste a única Igreja de Cristo?

816

870

A única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste  ( subsistit in) na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele. Só por meio dela se pode obter toda a plenitude dos meios de  salvação, pois o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único colégio  apostólico, cuja cabeça é Pedro.  

163. Como considerar os cristãos não católicos?

817-819

Nas Igrejas e comunidades eclesiais, que se desligaram da plena comunhão da Igreja  católica, encontram-se muitos elementos de santificação e de verdade. Todos estes bens provêm de Cristo e conduzem para a unidade católica. Os membros destas Igrejas e  comunidades são incorporados em Cristo pelo Baptismo: por isso, nós reconhecemo-los  como irmãos.  

164. Como empenhar-se em favor da unidade dos cristãos?  

820-822

866

O desejo de restabelecer a união de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do  Espírito. Ele diz respeito a toda a Igreja e realiza-se mediante a conversão do coração, a  oração, o recíproco conhecimento fraterno, o diálogo teológico.  

165. Em que sentido a Igreja é santa ?  

823-829

867

A Igreja é santa, porque Deus Santíssimo é o seu autor; Cristo entregou-se por ela, para a santificar e fazer dela santificadora; e o Espírito Santo vivifica-a com a caridade. Nela se encontra a plenitude dos meios de salvação. A santidade é a vocação de cada um dos  

seus membros e o fim de cada uma das suas actividades. A Igreja inclui no seu interior a  Virgem Maria e inumeráveis Santos, como modelos e intercessores. A santidade da

Igreja é a fonte da santificação dos seus filhos, que, aqui, na terra, se reconhecem todos  pecadores, sempre necessitados de conversão e de purificação.  

166. Porque é que a Igreja se chama católica ?

830-831

868

A Igreja é católica , isto é, universal , porque nela está presente Cristo: «Onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja católica» (S. Inácio de Antioquia). Ela anuncia a totalidade e a integridade da fé; leva e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada em  missão a todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que eles  pertençam.  

167. É também católica a Igreja particular ?  

832-835

É católica toda a Igreja particular (isto é, a diocese e a eparquia ), formada pela  comunidade de fiéis cristãos que estão em comunhão de fé e de sacramentos seja com o seu Bispo, ordenado na sucessão apostólica, seja com a Igreja de Roma, que «preside à caridade» (S. Inácio de Antioquia).  

168. Quem pertence à Igreja católica ?  

836-838

Todos os homens, de diferentes modos, pertencem ou estão ordenados à unidade  católica do povo de Deus. Estão plenamente incorporados na Igreja católica aqueles  que, tendo o Espírito de Cristo, se encontram unidos a ela pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os baptizados que não se  encontram plenamente nesta unidade católica estão numa certa comunhão, ainda que  imperfeita, com a Igreja Católica.  

169. Qual a relação da Igreja católica com o povo judeu?

839-840

A Igreja católica reconhece a sua relação com o povo judeu no facto de Deus ter escolhido este povo entre todos, para primeiro acolher a sua Palavra. É ao povo judeu  que pertencem «a adopção a filhos, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as  promessas, os patriarcas; dele provém Cristo segundo a carne» ( Rm 9,5). Diferentemente das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já resposta à Revelação de  Deus na Antiga Aliança.  

170. Que ligação há entre a Igreja católica e as religiões não cristãs?  846-848

Antes de mais, há o laço comum da origem e fim de todo o género humano. A Igreja católica reconhece que tudo o que de bom e de verdadeiro existe nas outras religiões  vem de Deus, é reflexo da sua verdade, pode preparar para acolher o Evangelho e mover  em direcção à unidade da humanidade na Igreja de Cristo.  

171. Que significa a afirmação: «Fora da Igreja não há salvação»?  846-848

Significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu corpo. Portanto não poderiam ser salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por Cristo e necessária à salvação, nela não entrassem e nela não perseverassem. Ao mesmo  tempo, graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os que,  sem culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja mas procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade,  conhecida através do que a consciência lhes dita.  

172. Porque é que a Igreja deve anunciar o Evangelho a todo o mundo?  849-851

Porque Cristo ordenou: «ide e ensinai todas as nações, baptizando-as no nome do Pai e  do Filho e do Espírito Santo» ( Mt 28,19). Este mandato missionário do Senhor tem a  sua fonte no amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o seu Espírito porque «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4).  

173. Como é que a Igreja é missionária?  

852-856

Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja continua no curso da história a missão do próprio Cristo. Os cristãos portanto devem anunciar a todos a Boa Nova trazida por Cristo, seguindo o seu caminho, dispostos também ao sacrifício de si mesmos até ao martírio.  

174. Porque é que a Igreja é apostólica ?  

857-869

A Igreja é apostólica pela sua origem , sendo construída sobre o «fundamento dos Apóstolos» (Ef 2,20); pelo ensino , que é o mesmo dos Apóstolos; pela sua estrutura , enquanto instruída, santificada e governada, até ao regresso de Cristo, pelos Apóstolos,  graças aos seus sucessores, os Bispos em comunhão, com o sucessor de Pedro.

175. Em que consiste a missão dos Apóstolos?

858 – 861

A palavra Apóstolo significa enviado. Jesus, o Enviado do Pai, chamou a Si doze entre  os Seus discípulos e constituiu-os como seus Apóstolos, fazendo deles testemunhas

escolhidas da sua ressurreição e fundamentos da sua Igreja. Deu-lhes o mandato de  continuarem a sua missão, dizendo: «Como o Pai me enviou, assim também Eu vos  envio a vós» ( Jo 20,21). E prometeu estar com eles até ao fim do mundo.  

176. O que é a sucessão apostólica?  

861- 865

A sucessão apostólica é a transmissão, mediante o sacramento da Ordem, da missão e  do poder dos Apóstolos aos seus sucessores, os Bispos. Graças a esta transmissão, a Igreja permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem, enquanto ao longo dos séculos orienta todo o seu apostolado para a difusão do Reino de Cristo na terra.

 

Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada  

 

177. Quem são os fiéis?

871 – 872  

934

Os fiéis são aqueles que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, são constituídos membros do povo de Deus. Tornados participantes, segundo a sua condição, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, são chamados a exercer a missão confiada por  Deus à Igreja. Entre eles subsiste uma verdadeira igualdade, na sua dignidade de filhos  de Deus.  

178. Como é formado o povo de Deus?

873

Na Igreja, por instituição divina, existem os ministros sagrados que receberam o  sacramento da Ordem e formam a hierarquia da Igreja. Os outros são chamados leigos .  De uns e de outros, provêm fiéis, que se consagram de modo especial a Deus com a profissão dos conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e obediência.  

179. Porque é que Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica?  

874-877  

935

Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica com a missão de apascentar o povo de Deus em  seu nome, e para isso lhe deu autoridade. A hierarquia eclesiástica é formada por  ministros sagrados: Bispos, presbíteros e diáconos. Graças ao sacramento da Ordem, os  Bispos e os presbíteros agem, no exercício do seu ministério, em nome e na pessoa de  Cristo cabeça; os diáconos servem o povo de Deus na diaconia (serviço) da palavra, da liturgia, da caridade.

180. Como se actua a dimensão colegial do ministério eclesial?  878

A exemplo dos doze Apóstolos escolhidos e enviados por Cristo, a união dos membros da hierarquia eclesiástica está ao serviço da comunhão dos fiéis. Cada Bispo exerce o  ministério, como membro do colégio episcopal, em comunhão com o Papa, participando com ele na solicitude pela Igreja universal. Os sacerdotes exercem o seu ministério no presbitério da Igreja particular, em comunhão com o próprio Bispo e sob a sua condução.  

181. Porque é que o ministério eclesial tem um carácter pessoal? 879 – 880

O ministério eclesial tem também um carácter pessoal, pois, em virtude do sacramento da Ordem, cada um é responsável diante de Cristo, que pessoalmente o chamou, conferindo-lhe a missão.  

182. Qual é a missão do Papa?  

881- 882  

936 - 937

O Papa, Bispo de Roma e Sucessor de S. Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja. É o vigário de Cristo, cabeça do colégio dos Bispos e pastor de toda a Igreja, sobre a qual, por instituição divina, tem poder, pleno, supremo, imediato e universal.

183. Qual é a missão do colégio dos Bispos?

883 – 885

O colégio dos Bispos, em comunhão com o Papa e nunca sem ele, exerce também sobre a Igreja supremo e pleno poder.

184. Como é que os Bispos exercem a sua missão de ensinar?  

886-890  

939

Os Bispos, em comunhão com o Papa, têm o dever de anunciar o Evangelho a todos,  fielmente e com autoridade, como autênticas testemunhas da fé apostólica e revestidos  da autoridade de Cristo. Mediante o sentido sobrenatural da fé, o Povo de Deus, adere  indefectivelmente à fé, sob a condução do Magistério vivo da Igreja.

185. Quando se exerce a infalibilidade do Magistério?  

971

A infalibilidade exerce-se quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de  supremo Pastor da Igreja, ou o Colégio Episcopal, em comunhão com o Papa, sobretudo  reunido num Concílio Ecuménico, proclamam com um acto definitivo uma doutrina  respeitante à fé ou à moral, e também quando o Papa e os Bispos, no seu Magistério  ordinário, concordam ao propor uma doutrina como definitiva. A tais ensinamentos  cada fiel deve aderir com o obséquio da fé.  

186. Como é que os Bispos exercem o ministério de santificar?  

971

Os Bispos santificam a Igreja dispensando a graça de Cristo, mediante o ministério da palavra e dos sacramentos, em particular da Eucaristia, e também com a oração e o seu exemplo e trabalho.  

187. Como é que os Bispos exercem a função de governar?  

894 – 896

Cada Bispo, enquanto membro do colégio episcopal, exerce colegialmente a solicitude  por todas as Igrejas particulares e por toda a Igreja, juntamente com os outros Bispos  unidos ao Papa. O Bispo, a quem é confiada uma Igreja particular, governa-a com a autoridade do poder sagrado, próprio, ordinário e imediato, exercido em nome de Cristo, bom Pastor, em comunhão com toda a Igreja e sob a condução do sucessor de  Pedro.  

188. Qual é a vocação dos fiéis leigos?

897-900

940

Os fiéis leigos têm como vocação própria a de procurar o reino de Deus, iluminando e ordenando as realidades temporais segundo Deus. Correspondem assim ao chamamento  à santidade e ao apostolado, dirigido a todos os baptizados.  

189. Como participam os fiéis leigos na função sacerdotal de Cristo? 901-903

Participam nela oferecendo – como sacrifício espiritual «agradável a Deus por Jesus  Cristo» (1 Ped 2,5), sobretudo na Eucaristia – a sua vida com todas as obras, as orações  e as iniciativas apostólicas, a vida familiar, o trabalho de cada dia, as agruras da vida suportadas com paciência e os lazeres corporais e espirituais. Deste modo, os leigos, dedicados a Cristo e consagrados pelo Espírito Santo, oferecem a Deus o próprio  mundo.

190. Como participam na sua função profética?  

904-907  

942

Participam nela acolhendo cada vez mais na fé a Palavra de Cristo e anunciando-a ao mundo com o testemunho da vida e da palavra, a acção evangelizadora e a catequese.  Esta acção evangelizadora adquire uma particular eficácia pelo facto de ser realizada  nas condições ordinárias da vida secular.  

191. Como participam na sua função real?  

908 – 913  

943

Os leigos participam na função real de Cristo, tendo recebido d’Ele o poder de vencer o pecado em si mesmos e no mundo, mediante a abnegação de si e a santidade de vida.  Exercem vários ministérios ao serviço da comunidade e impregnam de valor moral as  actividades temporais do homem e as instituições da sociedade.  

192. O que é a vida consagrada?

914 – 916  

944  

É um estado de vida reconhecido pela Igreja. É uma resposta livre a um chamamento particular de Cristo, mediante a qual os consagrados se entregam totalmente a Deus e tendem para a perfeição da caridade sob a moção do Espírito Santo. Tal consagração caracteriza-se pela prática dos conselhos evangélicos.  

193. O que é que a vida consagrada oferece à missão da Igreja?

931-933  

945  

A vida consagrada participa na missão da Igreja mediante uma plena dedicação a Cristo  e aos irmãos, testemunhando a esperança do Reino celeste.  

 

Creio na Comunhão dos santos  

 

194. O que significa a expressão comunhão dos santos ?  

946–953  

960  

Indica, antes de mais, a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas  ( sancta ): a fé, os sacramentos, em especial a Eucaristia, os carismas e os outros dons  espirituais. Na raiz da comunhão está a caridade que «não procura o próprio interesse» (1 Cor 13, 5), mas move o fiel «a colocar tudo em comum» ( Act 4, 32), mesmo os próprios bens materiais ao serviço dos pobres.

195. O que significa ainda a expressão comunhão dos santos ?  

954–959;

961–962  

Designa ainda a comunhão entre as pessoas santas ( sancti ), isto é, entre os que, pela  graça, estão unidos a Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra;  outros, que já partiram desta vida, estão a purificar-se, ajudados também pelas nossas orações; outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem por nós. Todos juntos  formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade.  

 

Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja  

 

196. Em que sentido a Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja?  

963 – 966  

973

A Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja na ordem da graça porque deu à luz Jesus, o Filho de Deus, Cabeça do corpo que é a Igreja. Jesus ao morrer na cruz, indicou-a como mãe ao discípulo com estas palavras: «Eis a tua Mãe» ( Jo 19, 27). ( )  

197. Como é que a Virgem Maria ajuda a Igreja?  

967 – 970

Após a Ascensão do Seu Filho, a Virgem Maria ajuda, com as suas orações, as primícias da Igreja e, mesmo depois da sua assunção ao céu, continua a interceder pelos seus filhos, a ser para todos um modelo de fé e de caridade, e a exercer sobre eles um influxo salutar, que nasce da superabundância dos méritos de Cristo. Os fiéis vêem nela  uma imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera, invocando-a como  advogada, auxiliadora, socorro, medianeira.  

198. Que tipo de culto se presta à Virgem santíssima?

971

É um culto singular, que difere essencialmente do culto de adoração, prestado apenas à Santíssima Trindade. Tal culto de especial veneração encontra uma particular expressão  nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, como o santo Rosário, resumo de todo o Evangelho.  

199. Como é que a bem-aventurada Virgem Maria é ícone escatológico da Igreja?  

972;

974–975

Dirigindo o seu olhar para Maria, santíssima e já glorificada em corpo e alma, a Igreja contempla o que ela própria é chamada a ser na terra e o que será na pátria celeste.  

 

«CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS»  

 

200. Como são perdoados os pecados?

976 – 980  

984 – 985

O primeiro e principal sacramento para o perdão dos pecados é o Baptismo. Para os  pecados cometidos depois do Baptismo, Cristo instituiu o sacramento da Reconciliação ou Penitência, por meio do qual o baptizado é reconciliado com Deus e com a Igreja.  

201. Porque é que a Igreja tem o poder de perdoar os pecados?

981–983;

986–987  

A Igreja tem a missão e o poder de perdoar os pecados, porque o próprio Cristo lho conferiu: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» ( Jo 20, 22-23).  

 

«CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE»

 

202. Que indica a palavra carne e qual é a sua importância?

990  

1015

O termo carne designa o homem na sua condição de debilidade e de mortalidade. «A  carne é o eixo da salvação» (Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus que é o Criador da carne; cremos no Verbo que se fez carne para redimir a carne; cremos na  ressurreição da carne, acabamento da criação e da redenção da carne.  

203. O que significa a «ressurreição da carne»?

990

Significa que o estado definitivo do homem não será só a alma espiritual separada do corpo, mas também que os nossos corpos mortais um dia retomarão a vida.

204. Qual a relação entre a Ressurreição de Cristo e a nossa?  

988 – 991,  

1002 – 1003  

Como Cristo verdadeiramente ressuscitou dos mortos e vive para sempre, assim Ele próprio nos ressuscitará a todos no último dia, com um corpo incorruptível: «os que tiverem feito o bem para uma ressurreição de vida, e os que tiverem feito o mal para  uma ressurreição de condenação».  

205. Com a morte, que sucede ao nosso corpo e à nossa alma?

992 – 1004;

1016 –1018

Com a morte, separação da alma e do corpo, o corpo cai na corrupção, enquanto a alma,  que é imortal, vai ao encontro do Julgamento divino e espera reunir-se ao corpo quando  este, transformado, ressuscitar no regresso do Senhor. Compreender como acontecerá a ressurreição supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso entendimento.  

206. Que significa morrer em Cristo Jesus?  

1005-1014.  

1019  

Significa morrer na graça de Deus, sem pecado mortal. O que crê em Cristo e segue o  Seu exemplo pode assim transformar a própria morte num acto de obediência e de amor  ao Pai. «É certa esta palavra: se morrermos com Ele, também com Ele viveremos» (2   Tim 2,11).  

 

«CREIO NA VIDA ETERNA»

 

207. O que é a vida eterna?

1020 1051

A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a morte. Ela não terá fim. Será precedida para cada um por um juízo particular realizado por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será confirmada pelo juízo final.  

208. O que é o juízo particular?  

1021 – 1022  

1051

É o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de Deus  na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras. Tal retribuição consiste no acesso à bem-aventurança do céu, imediatamente ou depois de uma adequada purificação, ou então à condenação eterna no inferno.  

209. O que se entende por «céu»?  

1023 – 1026  

1053  

Por «céu» entende-se o estado de felicidade suprema e definitiva. Os que morrem na graça de Deus e não precisam de ulterior purificação são reunidos à volta de Jesus e de  Maria, dos anjos e dos santos. Formam assim a Igreja do céu, onde vêem Deus «face a  face» (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e intercedem por nós.  

 

«A vida na sua própria realidade e verdade é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo,  sobre todos derrama como fonte, os seus dons celestes. E, pela sua bondade, promete  verdadeiramente também a nós homens os bens divinos da vida eterna. (S. Cirilo de  Jerusalém)

 

210. O que é o purgatório?

1030 – 1031  

1054

O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus, mas, embora seguros da sua salvação eterna, precisam ainda de purificação para entrar na alegria de Deus.  

211. Como podemos ajudar a purificação das almas do purgatório? 1032

Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as almas do purgatório oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício  eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de penitência.  

212. Em que consiste o inferno?  

1033–1035.  

1056–1057

Consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha livre, morrem em pecado  mortal. A pena principal do inferno é a eterna separação de Deus, o único em quem o  homem encontra a vida e a felicidade para que foi criado, e a que aspira. Cristo exprime

esta realidade com as palavras: «Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno» ( Mt 25, 41).  

213. Como conciliar o inferno com a bondade infinita de Deus? 1036 – 1037

Deus, apesar de querer «que todos tenham modo de se arrepender» ( 2Ped 3,9), tendo criado o homem livre e responsável, respeita as suas decisões. Portanto, é o próprio homem que, em plena autonomia, se exclui voluntariamente da comunhão com Deus se,  até ao momento da própria morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor  misericordioso de Deus.  

214. Em que consistirá o Juízo final?  

1038–1041;

1058–1059

O juízo final (universal) consistirá na sentença de vida bem-aventurada ou de  condenação eterna, que o Senhor Jesus, no seu regresso como juiz dos vivos e dos  mortos, pronunciará em relação aos «justos e injustos» ( Act 24, 15), reunidos todos  juntos diante d’Ele. A seguir a tal juízo final, o corpo ressuscitado participará na retribuição que a alma teve no juízo particular.

215. Quando terá lugar este juízo final?  

1040  

O juízo final terá lugar no fim do mundo, do qual só Deus conhece o dia e a hora.  216. Em que consiste a esperança dos novos céus e da nova terra?  

1042 – 1050  

1060  

Depois do juízo final, o próprio universo, libertado da escravidão da corrupção,  participará na glória de Cristo com a inauguração dos «novos céus e da nova terra» (2   Ped 3,13). Será assim alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou seja a realização  definitiva do desígnio salvífico de Deus de «recapitular em Cristo todas as coisas, as do  céu e as da terra» ( Ef 1,10). Deus será então «tudo em todos» (1 Cor 15,28), na vida eterna.  

«ÁMEN»

217. Que significa o Ámen , que conclui a nossa profissão de fé?

1064 – 1065

A palavra hebraica Amen , que conclui o último livro da Sagrada Escritura, algumas  orações do Novo Testamento e as orações litúrgicas da Igreja, significa o nosso «sim»

confiante e total a tudo o que professamos crer, confiando totalmente n’Aquele que é o  «Ámen» ( Ap 3,14) definitivo: Cristo Senhor.

 

SEGUNDA PARTE  

A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO  

PRIMEIRA SECÇÃO  

A ECONOMIA SACRAMENTAL  

 

218. O que é a liturgia?

1066 – 1070

A liturgia é a celebração do Mistério de Cristo e em particular do seu Mistério Pascal.  Na liturgia, pelo exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo, a santificação dos homens é significada e realizada mediante sinais, e é exercido, pelo Corpo místico de Cristo, ou seja pela Cabeça e pelos membros, o culto público devido a Deus.  

219. Qual o lugar da liturgia na vida da Igreja?

1071 – 1075

A liturgia, acção sagrada por excelência, constitui o cume para onde tendem todas as  acções da Igreja e, simultaneamente, a fonte donde provém toda a sua força vital.  Através da liturgia, Cristo continua na sua Igreja, com ela e por meio dela, a obra da nossa redenção.  

220. Em que consiste a economia sacramental?  

1076  

A economia sacramental consiste na comunicação (ou «dispensação») dos frutos da redenção de Cristo mediante a celebração dos sacramentos da Igreja, principalmente da  Eucaristia, «até que Ele venha» (1 Cor 11,26).  

 

CAPÍTULO PRIMEIRO  

O MISTÉRIO PASCAL NO TEMPO  

DA IGREJA

LITURGIA – OBRA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

 

221. De que modo o Pai é a fonte e o fim da liturgia?  

1077 – 1083

1110  

Na liturgia, o Pai enche-nos das suas bênçãos no Filho encarnado, morto e ressuscitado  por nós, e derrama o Espírito Santo nos nossos corações. Ao mesmo tempo a Igreja  bendiz o Pai, mediante a adoração, o louvor e a acção de graças, e implora o dom do seu Filho e do Espírito Santo.  

222. Qual é a obra de Cristo na liturgia?  

1084 – 1090

Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente o seu Mistério pascal.  Doando o Espírito Santo aos Apóstolos, concedeu-lhes a eles e aos seus sucessores o  poder de realizar a obra da salvação por meio do Sacrifício eucarístico e dos  sacramentos, nos quais Ele próprio age agora para comunicar a sua graça aos fiéis de  todos os tempos e em todo o mundo.  

223. Na liturgia, como actua o Espírito Santo em relação à Igreja?

1091 – 1109  

1112

Na liturgia, realiza-se a mais estreita cooperação entre o Espírito Santo e a Igreja. O  Espírito Santo prepara a Igreja para encontrar o seu Senhor; recorda e manifesta Cristo à  fé da assembleia; torna presente e actualiza o Mistério de Cristo; une a Igreja à vida e à missão de Cristo e faz frutificar nela o dom da comunhão.  

 

O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA IGREJA  

 

224. O que são e quais são os sacramentos?

1113 – 1131

Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e  confiados à Igreja, mediante os quais nos é concedida a vida divina. Os sacramentos são  sete: o Baptismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos enfermos, a  Ordem e o Matrimónio.

225. Qual a relação dos sacramentos com Cristo?  

1114-1116

Os mistérios da vida de Cristo constituem o fundamento do que, de ora em diante, pelos  ministros da sua Igreja, Cristo dispensa nos sacramentos.  

«O que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos» (S. Leão Magno).  

226. Qual a ligação entre os sacramentos e a Igreja?  

1117 – 1119

Cristo confiou os sacramentos à sua Igreja. Eles são «da Igreja» num duplo sentido: enquanto acção da Igreja, que é sacramento da acção de Cristo, e enquanto existem  «para ela», ou seja, enquanto edificam a Igreja.  

227. O que é o carácter sacramental?

1121

É um selo espiritual, conferido pelos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da  Ordem. Este selo é promessa e garantia da protecção divina. Em virtude de tal selo, o  cristão é configurado a Cristo, participa de diversos modos no seu sacerdócio, e faz  parte da Igreja segundo estados e funções diversas, sendo pois consagrado ao culto  divino e ao serviço da Igreja. Dado que o carácter é indelével, os sacramentos que o  imprimem recebem-se uma só vez na vida.  

228. Qual é a relação dos sacramentos com a fé?  

1122-1126  

1133

Os sacramentos não apenas supõem a fé como também, através das palavras e elementos rituais, a alimentam, fortificam e exprimem. Ao celebrá-los, a Igreja confessa  a fé apostólica. Daí o adágio antigo: « lex orandi, lex credendi », isto é, a Igreja crê no que reza.  

229. Porque é que os sacramentos são eficazes?  

1127-1128  

1131

Os sacramentos são eficazes ex opere operato («pelo próprio facto de a acção sacramental ser realizada»), porque é Cristo que neles age e comunica a graça que significam, independentemente da santidade pessoal do ministro, ainda que os frutos  dos sacramentos dependam também das disposições de quem os recebe.  

230. Porque motivo os sacramentos são necessários para a salvação?  1129

Embora nem todos os sacramentos sejam conferidos a cada um dos fiéis, eles são  necessários para a salvação dos que crêem em Cristo, porque conferem as graças sacramentais, o perdão dos pecados, a adopção de filhos de Deus, a conformação a Cristo Senhor e a pertença à Igreja. O Espírito Santo cura e transforma aqueles que os  recebem.  

231. O que é a graça sacramental?  

1129; 1131;  

1134; 2003

A graça sacramental é a graça do Espírito Santo, dada por Cristo e própria de cada  sacramento. Tal graça ajuda o fiel, no seu caminho de santidade, bem como a Igreja no seu crescimento na caridade e no testemunho.  

232. Qual é a relação entre os sacramentos e a vida eterna?

1130

Nos sacramentos, a Igreja recebe já as arras da vida eterna, embora «aguardando a  ditosa esperança e manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus  Cristo» ( Tit 2,13).  

 

CAPÍTULO SEGUNDO  

A CELEBRAÇÃO SACRAMENTAL DO MISTÉRIO PASCAL  

CELEBRAR A LITURGIA DA IGREJA  

Quem celebra?

 

233. Quem age na liturgia?

1135 – 1137  

1187  

Na liturgia age « o Cristo todo inteiro » («Christus Totus»), Cabeça e Corpo. Como  sumo-sacerdote, Ele celebra com o seu Corpo, que é a Igreja celeste e terrestre.  

234. Por quem é celebrada a liturgia celeste?  

1138 – 1139

A liturgia celeste é celebrada pelos anjos, pelos santos da Antiga e da Nova Aliança, em  particular pela Mãe de Deus, pelos Apóstolos, pelos mártires e por uma «numerosa multidão, que ninguém» pode contar, «de todas as nações, tribos, povos e línguas» ( Ap 7,9). Quando nos sacramentos celebramos o mistério da salvação, participamos nesta  liturgia eterna.  

235. Como é que a Igreja na terra celebra a liturgia?

1140–1144  

1188

A Igreja, na terra, celebra a liturgia, como povo sacerdotal, no qual cada um actua segundo a própria função, na unidade do Espírito Santo: os baptizados oferecem-se em sacrifício espiritual; os ministros ordenados celebram segundo a Ordem recebida para o  serviço de todos os membros da Igreja; os Bispos e os presbíteros agem na pessoa de Cristo Cabeça.  

 

Como celebrar?

 

236. Como é celebrada a liturgia?  

1145  

A celebração litúrgica é tecida de sinais e de símbolos, cujo significado, radicado na  criação e nas culturas humanas, se esclarece nos acontecimentos da Antiga Aliança e se  revela plenamente na Pessoa e na obra de Cristo.  

237. Donde provêm os sinais sacramentais?

1146 - 1152 1189  

Alguns provêm da criação (luz, água, fogo, pão, vinho, óleo); outros da vida social  (lavar, ungir, partir o pão); outros da história da salvação na Antiga Aliança (os ritos da Páscoa, os sacrifícios, a imposição das mãos, as consagrações). Estes sinais, alguns dos  quais são normativos e imutáveis, assumidos por Cristo tornam-se portadores da acção  salvífica e de santificação.  

238. Qual o nexo entre as acções e as palavras, nas celebração sacramental?

1153- 1155  

1190

Na celebração sacramental, acções e palavras estão intimamente ligadas. Mesmo que as  acções simbólicas sejam já em si uma linguagem, é todavia necessário que as palavras do rito acompanhem e vivifiquem estas acções. Enquanto sinais e ensino, as palavras e os gestos são inseparáveis, uma vez que realizam aquilo que significam.

239. Quais os critérios do canto e da música na celebração litúrgica?  

1156 – 1158  

1191

Uma vez que o canto e a música estão intimamente conexos com a acção litúrgica, eles devem respeitar os seguintes critérios: a conformidade à doutrina católica dos textos,  tomados de preferência da Escritura e das fontes litúrgicas; a beleza expressiva da oração; a qualidade da música; a participação da assembleia; a riqueza cultural do Povo  de Deus e o carácter sacro e solene da celebração. « Quem canta reza duas vezes » (S.  Agostinho).  

240. Qual a finalidade das imagens sagradas?  

1159 – 1161  

1192

A imagem de Cristo é o ícone litúrgico por excelência. As outras, que representam  Nossa Senhora e os santos, significam Cristo, que nelas é glorificado. Elas proclamam a mesma mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite através da palavra e  ajudam a despertar e a alimentar a fé dos fiéis.  

 

Quando celebrar?  

 

241. Qual é o centro do tempo litúrgico?

1163-1167  

1193

O centro do tempo litúrgico é o Domingo, fundamento e núcleo de todo o ano litúrgico, que tem o seu cume na Páscoa anual, a festa das festas.  

242. Qual é a função do ano litúrgico?

1168–1173.  

1194–1195  

No ano litúrgico, a Igreja celebra todo o Mistério de Cristo, da Encarnação até à sua vinda gloriosa. Nos dias estabelecidos, a Igreja venera com especial amor a bem aventurada Virgem Maria Mãe de Deus e também faz memória Santos, que por Cristo  viveram, com Ele sofreram e com Ele são glorificados.  

243. O que é a liturgia das horas?  

1174 – 1178  

1196

A liturgia das horas, oração pública e comum da Igreja, é a oração de Cristo com o seu Corpo, a Igreja. Por ela, o Mistério de Cristo, que celebramos na Eucaristia, santifica e transfigura o tempo de cada dia. Ela compõe-se principalmente de Salmos e de outros  textos bíblicos, e também de leituras dos Padres e dos mestres espirituais.  

 

Onde celebrar?  

 

244. A Igreja tem necessidade de lugares para celebrar a liturgia?  

1179–1181.

1197–1198

O culto «em espírito e verdade» ( Jo 4,24) da Nova Aliança não está ligado a nenhum  lugar exclusivo, porque Cristo é o verdadeiro templo de Deus, por meio do qual também os cristãos e toda a Igreja se tornam, sob a acção do Espírito Santo, templos do Deus  vivo. Todavia o Povo de Deus, na sua condição terrena, tem necessidade de lugares nos  quais a comunidade se possa reunir para celebrar a liturgia.  

245. O que são os edifícios sagrados?  

1181 .  

1198-1199

São as casas de Deus, símbolo da Igreja que vive num lugar e também da morada  celeste. São lugares de oração, nos quais a Igreja celebra sobretudo a Eucaristia e adora  Cristo realmente presente no tabernáculo.  

246. Quais são os lugares privilegiados no interior dos edifícios sagrados? 1182 – 1186

São: o altar, o tabernáculo, o lugar onde se guarda o santo crisma e os outros óleos  sagrados, a cadeira do Bispo (cátedra) ou do presbítero, o ambão, a fonte baptismal, o  confessionário.

 

DIVERSIDADE LITÚRGICA E UNIDADE DO MISTÉRIO  

 

247. Porque é que a Igreja celebra o único Mistério de Cristo segundo tradições litúrgicas diferentes?  

1200-1204  

1207-1209

Porque a insondável riqueza do Mistério de Cristo não pode ser esgotada por uma única  tradição litúrgica. Desde as origens, esta riqueza encontrou, nos vários povos e culturas, expressões caracterizadas por uma admirável variedade e complementaridade.  

248. Qual é o critério, que assegura a unidade na diversidade?  1209

É a fidelidade à Tradição Apostólica, isto é, à comunhão na fé e nos sacramentos  recebidos dos Apóstolos, comunhão que é significada e garantida pela sucessão  apostólica. A Igreja é católica: pode, portanto, integrar na sua unidade todas as verdadeiras riquezas das culturas.

249. Na liturgia, tudo é imutável?  

1205 – 1206

Na liturgia, sobretudo na dos sacramentos, existem elementos imutáveis, porque de instituição divina, e dos quais a Igreja é guardiã. Existem depois elementos susceptíveis  de mudança, que a Igreja tem o poder, e, muitas vezes o dever, de adaptar às culturas  dos diferentes povos.  

 

SEGUNDA SECÇÃO  

OS SETE SACRAMENTOS DA IGREJA

 

Os sete Sacramentos da Igreja  

O Baptismo

a Confirmação  

a Eucaristia  

a Penitência,  

a Unção dos Enfermos  

a Ordem o Matrimónio.

250. Como agrupar os sacramentos da Igreja?  

1210-1211

Em: sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e Eucaristia); sacramentos  da cura (Penitência e Unção dos enfermos); sacramentos ao serviço da comunhão e da missão (Ordem e Matrimónio). Os sacramentos tocam todas as etapas e momentos  importantes da vida cristã. Todos os sacramentos estão ordenados para a Eucaristia «como para o seu fim» (S. Tomás de Aquino).  

 

CAPÍTULO PRIMEIRO  

OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ

 

251. Como se realiza a iniciação cristã?

1210 – 1211

Realiza-se mediante os sacramentos que lançam os alicerces da vida cristã: os fiéis,  renascidos pelo Baptismo, são fortalecidos pela Confirmação e alimentados pela Eucaristia.  

 

O SACRAMENTO DO BAPTISMO

 

252. Quais os nomes do primeiro sacramento da iniciação?  

1213 – 1216  

1276 – 1277

Antes de mais, chama-se Baptismo por causa do rito central com que é celebrado: baptizar significa «imergir» na água. O que é baptizado é imerso na morte de Cristo e  ressurge com Ele como «nova criatura» (2 Cor 5,17). Chama-se também «banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo» ( Tit 3,5) e «iluminação», porque o baptizado se torna «filho da luz» ( Ef 5, 8).  

253. Como é prefigurado o Baptismo na Antiga Aliança?  

1217-1222  

Na Antiga Aliança encontram-se várias prefigurações do Baptismo: a água , fonte de vida e de morte; a arca de Noé , que salva por meio da água; a passagem do Mar  Vermelho , que liberta Israel da escravidão do Egipto; a travessia do Jordão , que introduz Israel na terra prometida, imagem da vida eterna.  

254. Quem conduz ao cumprimento tais prefigurações?  

1223-1224

É Jesus Cristo, o qual, no início da sua vida pública, se fez baptizar por João Baptista,  no Jordão: na cruz, do seu lado trespassado, derramou sangue e água, sinais do Baptismo e da Eucaristia, e depois da Ressurreição confia aos Apóstolos esta missão: «Ide e ensinai todos os povos, baptizando-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» ( Mt 28, 19-20).

255. Desde quando e a quem é que a Igreja administra o Baptismo?  1226 – 1228

Desde o dia de Pentecostes que a Igreja administra o Baptismo a quem crê em Jesus  Cristo.  

256. Em que consiste o rito essencial do Baptismo?  

1229-1245  

1278

O rito essencial deste sacramento consiste em imergir na água o candidato ou em derramar a água sobre a sua cabeça, enquanto é invocado o Nome do Pai e do Filho e do  Espírito Santo.  

257. Quem pode receber o Baptismo?  

1246 - 1252

É capaz para receber o Baptismo toda a pessoa ainda não baptizada.  258. Porque é que a Igreja baptiza as crianças?

1250  

Porque tendo nascido com o pecado original, elas têm necessidade de ser libertadas do poder do Maligno e de ser transferidas para o reino da liberdade dos filhos de Deus.

259. O que se requer dum baptizando?

1253-1255

Ao baptizando é exigida a profissão de fé, expressa pessoalmente no caso do adulto, ou  então por parte dos pais e da Igreja no caso da criança. Também o padrinho ou  madrinha e toda a comunidade eclesial têm uma parte de responsabilidade na preparação para o Baptismo (catecumenado), bem como no desenvolvimento da fé e da graça baptismal.  

260. Quem pode baptizar?  

1266.  

1284

Os ministros ordinários do Baptismo são o Bispo e o presbítero; na Igreja latina, também o diácono. Em caso de necessidade, qualquer pessoa pode baptizar, desde que  entenda fazer o que faz a Igreja e derrame água sobre a cabeça do candidato, dizendo a  fórmula trinitária baptismal: «Eu te baptizo em Nome do Pai e do Filho e do Espírito  Santo».

261. É necessário o Baptismo para a salvação?

1257

O Baptismo é necessário para a salvação daqueles a quem foi anunciado o Evangelho e  que têm a possibilidade de pedir este sacramento.  

262. É possível ser salvo sem o Baptismo?

1258-1261  

1281-1283

Porque Cristo morreu para a salvação de todos, podem ser salvos mesmo sem o  Baptismo os que morrem por causa da fé ( Baptismo de sangue ), os catecúmenos, e todos os que sob o impulso da graça, sem conhecer Cristo e a Igreja, procuram sinceramente a Deus e se esforçam por cumprir a sua vontade ( Baptismo de desejo ).  Quanto às crianças, mortas sem Baptismo, a Igreja na sua liturgia confia-as à  misericórdia de Deus.  

263. Quais são os efeitos do Baptismo?  

1262-1274  

1279-1280

O Baptismo perdoa o pecado original, todos os pecados pessoais e as penas devidas ao pecado; faz participar na vida divina trinitária mediante a graça santificante, a graça da justificação que incorpora em Cristo e na Igreja; faz participar no sacerdócio de Cristo e constitui o fundamento da comunhão entre todos os cristãos; confere as virtudes  teologais e os dons do Espírito Santo. O baptizado pertence para sempre a Cristo: com efeito, é assinalado com o selo indelével de Cristo (carácter).  

264. Que significado assume o nome cristão recebido no Baptismo?  

2156-2159  

2167  

O nome é importante, porque Deus conhece cada um pelo nome, isto é, na sua  unicidade. Com o Baptismo, o cristão recebe na Igreja o próprio nome, de preferência o de um santo, de maneira que este ofereça ao baptizado um modelo de santidade e lhe  assegure a sua intercessão junto de Deus.  

 

O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO  

 

265. Qual é o lugar da Confirmação no desígnio divino da salvação?

1285- 1288  

1315

Na Antiga Aliança, os profetas anunciaram a comunicação do Espírito do Senhor ao Messias esperado e a todo o povo messiânico. Toda a vida e missão de Jesus se  desenvolvem numa total comunhão com o Espírito Santo. Os Apóstolos recebem o Espírito Santo no Pentecostes e anunciam «as grandes obras de Deus» ( Act 2,11).  Comunicam aos neófitos, através da imposição das mãos, o dom do mesmo Espírito. Ao longo dos séculos, a Igreja continuou a viver do Espírito e a comunicá-lo aos seus  filhos.  

266. Porque se chama Crisma ou Confirmação ?

1289  

Chama-se Crisma (nas Igrejas Orientais: Crismação com o Santo Myron) por causa do  rito essencial que é a unção. Chama-se Confirmação , porque confirma e reforça a graça  baptismal.  

267. Qual o rito essencial da Confirmação?

1290-1301  

1318  

1320-1321

O rito essencial da Confirmação é a unção com o santo crisma (óleo misturado com bálsamo, consagrado pelo Bispo), feita com a imposição da mão por parte do ministro que pronuncia as palavras sacramentais próprias do rito. No Ocidente, tal unção é feita  sobre a fronte do baptizado com as palavras: «Recebe por este sinal, o Espírito Santo, o  Dom de Deus». Nas Igrejas Orientais de rito bizantino, a unção faz-se também noutras  partes do corpo, com a fórmula: « Selo do dom do Espírito Santo».  

268. Qual é o efeito da Confirmação?  

1302-1305  

1316 – 1317

O efeito da Confirmação é a efusão especial do Espírito Santo, como no Pentecostes.  Tal efusão imprime na alma um carácter indelével e traz consigo um crescimento da graça baptismal: enraíza mais profundamente na filiação divina; une mais firmemente a Cristo e à sua Igreja; revigora na alma os dons do Espírito Santo; dá uma força especial para testemunhar a fé cristã.  

269. Quem pode receber este sacramento?  

1306–1311  

1319

Pode e deve recebê-lo, uma só vez, quem já foi baptizado, o qual, para o receber eficazmente, deve estar em estado de graça.

270. Quem é o ministro da Confirmação?  

1312 – 1314  

O ministro originário é o Bispo. Assim se manifesta o laço do crismado com a Igreja na  sua dimensão apostólica. Quando o presbítero confere este sacramento – como acontece ordinariamente no Oriente e em casos especiais no Ocidente – o laço com o Bispo e com a Igreja é expresso pelo presbítero, colaborador do Bispo, e pelo santo crisma,  consagrado pelo Bispo.

 

O SACRAMENTO DA EUCARISTIA  

 

271. O que é a Eucaristia?

1322-1323  

1409

É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até ao seu regresso, confiando assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o  vínculo da caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da vida eterna.  

272. Quando é que Jesus Cristo instituiu a Eucaristia?  

1323  

1337-1340

Instituiu-a na Quinta Feira Santa, «na noite em que foi entregue» (1 Cor 11,23), ao celebrar a Última Ceia com os seus Apóstolos.  

273. Como é que a instituiu?  

1337-1340  

1365, 1406

Depois de reunir os Apóstolos no Cenáculo, Jesus tomou nas suas mãos o pão, partiu-o e deu-lho dizendo: «Tomai e comei todos: isto é o meu corpo entregue por vós». Depois  tomou nas suas mãos o cálice do vinho e disse-lhes: «tomai e bebei todos: este é o cálice  do meu sangue para a nova e eterna aliança, derramado por vós e por todos para a  remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim».  

274. O que significa a Eucaristia na vida da Igreja?  

1324-1327  

1407

É fonte e cume da vida cristã. Na Eucaristia, atingem o auge a acção santificadora de Deus em nosso favor e o nosso culto para com Ele. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja: o próprio Cristo, nossa Páscoa. A comunhão da vida divina e a  unidade do Povo de Deus são significadas e realizadas na Eucaristia. Pela celebração  eucarística unimo-nos desde já à liturgia do Céu e antecipamos a vida eterna.  

275. Como é chamado este sacramento?  

1328 – 1332  

A insondável riqueza deste sacramento exprime-se com diferentes nomes que evocam alguns dos seus aspectos particulares. Os mais comuns são: Eucaristia, Santa Missa,  Ceia do Senhor, Fracção do pão, Celebração Eucarística, Memorial da paixão, da morte  e da ressurreição do Senhor, Santo Sacrifício, Santa e Divina Liturgia, Santos Mistérios,  Santíssimo Sacramento do altar, Santa Comunhão.  

276. Qual o lugar da Eucaristia no desígnio da salvação?

1333 – 1344

Na Antiga Aliança, a Eucaristia é preanunciada sobretudo na ceia pascal anual,  celebrada cada ano pelos judeus com os pães ázimos, para recordar a imprevista e  libertadora partida do Egipto. Jesus anuncia-a no seu ensino e institui-a, celebrando com  os seus Apóstolos a última Ceia, durante um banquete pascal. A Igreja, fiel ao mandamento do Senhor: «Fazei isto em memória de mim» (1 Cor 11, 24), sempre celebrou a Eucaristia, sobretudo ao Domingo, dia da ressurreição de Jesus.  

277. Como se desenrola a celebração da Eucaristia?  

1345 – 1355  

1408

Desenrola-se em dois grandes momentos que formam um só acto de culto: a liturgia da Palavra, que compreende a proclamação e escuta da Palavra de Deus; e a liturgia  eucarística, que compreende a apresentação do pão e do vinho, a oração ou anáfora, que contém as palavras da consagração, e a comunhão.  

278. Quem é o ministro da celebração da Eucaristia?

1348  

1411

É o sacerdote (Bispo ou presbítero), validamente ordenado, que age na Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja.  

279. Quais os elementos essenciais e necessários para realizar a Eucaristia? 1412

São o pão de trigo e o vinho da videira.

280. Como é que a Eucaristia é memorial do sacrifício de Cristo? 1362– 1367

A eucaristia é memorial no sentido que torna presente e actual o sacrifício que Cristo  ofereceu ao Pai, uma vez por todas, na cruz, em favor da humanidade. O carácter  sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da instituição: «Isto é o meu  corpo, que vai ser entregue por vós» e «este cálice é a nova aliança no meu sangue, que  vai ser derramado por vós» ( Lc 22,19-20). O sacrifício da cruz e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício . Idênticos são a vítima e Aquele que oferece, diverso é só o modo de oferecer-se: cruento na cruz, incruento na Eucaristia.  

281. Como é que a Igreja participa no sacrifício eucarístico?  

1368 – 1372  

1414  

Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos membros do seu Corpo. A vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu trabalho são unidos aos de Cristo. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida por todos os fiéis vivos e defuntos, em reparação dos pecados de todos os homens e para obter de Deus benefícios espirituais e temporais. A Igreja do céu está unida também à oferta de Cristo.  

282. Como é que Jesus está presente na Eucaristia?  

1373 – 1375  

1413

Jesus Cristo está presente na Eucaristia dum modo único e incomparável. De facto, está  presente de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Nela está presente em modo sacramental, isto é, sob as  espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem.  

283. Que significa transubstanciação ?  

1376 – 1377  

1413

Transubstanciação significa a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue. Esta  conversão realiza-se na oração eucarística mediante a eficácia da palavra de Cristo e a acção do Espírito Santo. Todavia as características sensíveis do pão e do vinho, isto é as  «espécies eucarísticas», permanecem inalteradas.  

284. A fracção do pão divide Cristo?

1377

A fracção do pão não divide Cristo: Ele está presente todo inteiro em cada uma das  espécies eucarísticas e em cada uma das suas partes.  

285. Até quando continua a presença eucarística de Cristo?  

1377

Ela continua enquanto subsistem as espécies eucarísticas.  

286. Que tipo de culto é devido ao sacramento da Eucaristia?  

1378 – 1381  

1418

É devido o culto de latria , isto é, de adoração reservado só a Deus quer durante a  celebração eucarística quer fora dela. De facto, a Igreja conserva com a maior diligência  as Hóstias consagradas, leva-as aos enfermos e às pessoas impossibilitadas de participar  na Santa Missa, apresenta-as à solene adoração dos fiéis, leva-as em procissão e convida  à visita frequente e à adoração do Santíssimo Sacramento conservado no tabernáculo.  

287. Porque é que a Eucaristia é banquete pascal?  

1382 – 1384  

1391 – 1396  

A Eucaristia é o banquete pascal, porque Cristo, pela realização sacramental da sua  Páscoa, nos dá o seu Corpo e o seu Sangue, oferecidos como alimento e bebida, e nos  une a si e entre nós no seu sacrifício.

288. Que significa o altar?

1383  

1410

O altar é o símbolo do próprio Cristo, presente como vítima sacrificial (altar- sacrifício  da cruz) e como alimento celeste que se nos dá (altar-mesa eucarística).  

289. Quando é que a Igreja obriga a participar na santa Missa?  

1389  

1417

A Igreja obriga os fiéis a participar na santa Missa cada Domingo e nas festas de preceito, e recomenda a participação nela também nos outros dias.  

290. Quando se deve comungar?  

1389

A Igreja recomenda aos fiéis que participam na santa Missa que também recebam, com as devidas disposições, a sagrada Comunhão, prescrevendo a obrigação de a receber ao  menos pela Páscoa.

291. Que se requer para receber a sagrada Comunhão?

1385–1389;

1415

Para receber a sagrada Comunhão é preciso estar plenamente incorporado à Igreja  católica e em estado de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes da Comunhão. São também importante o espírito de recolhimento e de oração, a  observância do jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes),  como sinal de respeito para com Cristo.  

292. Quais são os frutos da sagrada Comunhão?  

1391 – 1397  

1416

A sagrada Comunhão aumenta a nossa união com Cristo e com a sua Igreja, conserva e renova a vida da graça recebida no Baptismo e no Crisma, e faz-nos crescer no amor  para com o próximo. Fortalecendo-nos na caridade, perdoa os pecados veniais e  preserva-nos dos pecados mortais, no futuro.  

293. Quando é possível administrar a sagrada Comunhão aos outros cristãos? 1398-1401

Os ministros católicos administram licitamente a sagrada comunhão aos membros das  Igrejas orientais que não têm plena comunhão com a Igreja católica, sempre que estes  espontaneamente a peçam e com as devidas disposições.  

No que se refere aos membros doutras Comunidades eclesiais, os ministros católicos  administram licitamente a sagrada comunhão aos fiéis, que, por motivos graves, a  peçam espontaneamente, tenham as devidas disposições e manifestem a fé católica acerca do sacramento.  

294. Porque é que a Eucaristia é «penhor da futura glória»?  

1402 – 1405

Porque a Eucaristia nos enche das graças e bênçãos do Céu, fortalece-nos para a  peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna, unindo-nos desde já a Cristo,  sentado à direita do Pai, à Igreja do Céu, à santíssima Virgem e a todos os santos.  

 

Na Eucaristia, partimos «o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver eternamente em Jesus Cristo» (S. Inácio de Antioquia).

 

CAPÍTULO SEGUNDO  

OS SACRAMENTOS DA CURA  

 

295. Porque é que Cristo instituiu os sacramentos da Penitência e da Unção dos  enfermos?

1420 – 1421  

1426

Cristo, médico da alma e do corpo, instituiu-os porque a vida nova, que Ele nos deu nos sacramentos da iniciação cristã, pode ser enfraquecida e até perdida por causa do pecado. Por isso, Cristo quis que a Igreja continuasse a sua obra de cura e de salvação mediante estes dois sacramentos.  

 

O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA RECONCILIAÇÃO  

296. Como é chamado este sacramento?  

1422 – 1424  

É chamado sacramento da Penitência, da Reconciliação, do Perdão, da Confissão, da  Conversão.  

297. Porque existe um sacramento da Reconciliação depois do Baptismo?

1425 – 1426  

1484  

Porque a nova vida da graça, recebida no Baptismo, não suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência ), Cristo instituiu este sacramento para a conversão dos baptizados que pelo pecado d’Ele se  afastaram.  

298. Quando foi instituído este sacramento?

1485

O Senhor ressuscitado instituiu este sacramento quando, na tarde de Páscoa, se mostrou aos Apóstolos e lhes disse: «Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os  pecados serão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» ( Jo 20, 22-23).  

299. Os baptizados têm ainda necessidade de conversão?  

1427 – 1429

O apelo à conversão ressoa continuamente na vida dos baptizados. Esta conversão é um empenho contínuo para toda a Igreja, que é santa mas contém pecadores no seu seio.  

300. O que é a penitência interior?  

1430 – 1433  

1490

É o dinamismo do «coração contrito» ( Sal 51,19), movido pela graça divina a responder ao amor misericordioso de Deus. Implica a dor e a repulsa pelos pecados cometidos, o  propósito firme de não mais pecar e a confiança na ajuda de Deus. Alimenta-se da esperança na misericórdia divina.  

301. Como se manifesta a penitência na vida cristã?

1434 – 1439

A penitência manifesta-se de muitas maneiras, em especial pelo jejum, a oração e a esmola. Estas e muitas outras formas de penitência podem ser praticadas na vida quotidiana do cristão, especialmente no tempo da Quaresma e no dia penitencial de Sexta-feira.  

302. Quais os elementos essenciais do sacramento da Reconciliação?  1440 – 1449  

São dois: os actos realizados pelo homem que se converte sob a acção do Espírito Santo  e a absolvição do sacerdote, que em Nome de Cristo concede o perdão e estabelece a modalidade da satisfação.  

303. Quais são os actos do penitente?  

1450 – 1460.

1487 – 1492  

São: um diligente exame de consciência ; a contrição (ou arrependimento), que é perfeita, quando é motivada pelo amor a Deus, e imperfeita, se fundada sobre outros  motivos, e que inclui o propósito de não mais pecar; a confissão , que consiste na  acusação dos pecados feita diante do sacerdote; a satisfação , ou seja, o cumprimento de  certos actos de penitência, que o confessor impõe ao penitente para reparar o dano  causado pelo pecado.

304. Que pecados se devem confessar?  

1456  

Devem-se confessar todos os pecados graves ainda não confessados, dos quais nos  recordamos depois dum diligente exame de consciência. A confissão dos pecados  graves é o único modo ordinário para obter o perdão.  

305. Quando se é obrigado a confessar os pecados graves?

1457  

Todo o fiel, obtida a idade da razão, é obrigado a confessar os seus pecados graves ao menos uma vez por ano e antes de receber a Sagrada Comunhão.  

306. Porque é que os pecados veniais podem ser também objecto da confissão  sacramental?  

1458

A confissão dos pecados veniais é muito recomendada pela Igreja, embora não  estritamente necessária, porque nos ajuda a formar uma consciência recta e a lutar  contra as más inclinações, para nos deixarmos curar por Cristo e progredirmos na vida do Espírito.  

307. Quem é o ministro deste sacramento?

1461 – 1466  

1495  

Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus Apóstolos, aos Bispos seus  sucessores e aos presbíteros seus colaboradores, os quais portanto se convertem em  instrumentos da misericórdia e da justiça de Deus. Eles exercem o poder de perdoar os  pecados no Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo .  

308. A quem é reservada a absolvição de alguns pecados?  

1463  

A absolvição de alguns pecados particularmente graves (como os punidos com a excomunhão) é reservada à Sé Apostólica ou ao Bispo do lugar ou aos presbíteros por ele autorizados, embora todo o sacerdote possa absolver de qualquer pecado e excomunhão a quem se encontra em perigo de morte.  

309. O Confessor é obrigado ao segredo?  

1467  

Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, todo o confessor está obrigado a manter o sigilo sacramental, isto é, o absoluto segredo acerca

dos pecados conhecidos em confissão, sem nenhuma excepção e sob penas  severíssimas.  

310. Quais são os efeitos deste sacramento?  

1468 – 1470  

1496  

Os efeitos do sacramento da Penitência são: a reconciliação com Deus e portanto o  perdão dos pecados; a reconciliação com a Igreja; a recuperação, se perdida, do estado de graça; a remissão da pena eterna merecida por causa dos pecados mortais e, ao  menos em parte, das penas temporais que são consequência do pecado; a paz e a serenidade da consciência, e a consolação do espírito; o acréscimo das forças espirituais  para o combate cristão.  

311. Quando se pode celebrar este sacramento com confissão genérica e absolvição  colectiva?

1480 – 1484

Em casos de grave necessidade (como o perigo iminente de morte), pode-se recorrer à celebração comunitária da Reconciliação com confissão genérica e absolvição colectiva, respeitando as normas da Igreja e com o propósito de confessar individualmente os  pecados graves no tempo oportuno.  

312. O que são as indulgências?  

1471-1479  

1498  

As indulgências são a remissão diante de Deus da pena temporal devida aos pecados, já  perdoados quanto à culpa, que, em determinadas condições, o fiel adquire para si ou para os defuntos mediante o ministério da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui o tesouro dos méritos de Cristo e dos Santos.  

 

O SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS

 

313. Como é vivida a doença no Antigo Testamento?

1499-1502

No Antigo Testamento, o homem doente experimenta os seus limites e ao mesmo tempo  percebe que a doença está ligada misteriosamente ao pecado. Os profetas intuíram que a  doença podia ter também um valor redentor em relação aos próprios pecados e aos dos  outros. Assim, a doença era vivida perante Deus, da qual o homem implorava a cura.

314. Que sentido tem a compaixão de Jesus pelos doentes?

1503-1505

A compaixão de Jesus pelos doentes e as numerosas curas de enfermos são um claro sinal de que, com Ele, chegou o Reino de Deus e a vitória sobre o pecado, o sofrimento  e a morte. Com a sua paixão e morte, Ele dá um novo sentido ao sofrimento, o qual, se  unido ao seu, pode ser meio de purificação e de salvação para nós e para os outros.  

315. Qual é o comportamento da Igreja em relação aos doentes?

1506-1513;  

1526-1527

A Igreja, tendo recebido do Senhor a ordem de curar os enfermos, procura pô-la em prática com os cuidados para com os doentes, acompanhados da oração de intercessão. Ela possui sobretudo um sacramento específico em favor dos enfermos, instituído pelo  próprio Cristo e atestado por São Tiago: «Quem está doente, chame a si os presbíteros da Igreja e rezem por ele, depois de o ter ungido com óleo no nome do Senhor» ( Tg 5,14-15).

316. Quem pode receber o sacramento da Unção dos enfermos?

1514 –1515  

1528- 1529

Este sacramento pode ser recebido pelo fiel que começa a encontrar-se em perigo de  morte por doença ou velhice. O mesmo fiel pode recebê-lo também outras vezes se a  doença se agrava ou então no caso doutra doença grave. A celebração deste sacramento,  se possível, deve ser precedida pela confissão individual do doente.  

317. Quem administra este sacramento?  

1516. 1530

Só pode ser administrado pelos sacerdotes (Bispos ou presbíteros).  318. Como se celebra este sacramento?  

1520 – 1523  

1532

A celebração deste sacramento consiste essencialmente na unção com óleo benzido, se  possível, pelo Bispo, na fronte e nas mãos do doente (no rito romano, ou também noutras partes do corpo segundo outros ritos), acompanhada da oração do sacerdote,  que implora a graça especial deste sacramento.  

319. Quais são os efeitos deste sacramento?

15120 – 1523  

1532

Ele confere uma graça especial que une mais intimamente o doente à Paixão de Cristo,  para o seu bem e de toda a Igreja, dando-lhe conforto, paz, coragem, e também o perdão dos pecados, se o doente não se pode confessar. Este sacramento consente por vezes, se  

for a vontade de Deus, também a recuperação da saúde física. Em todo o caso, esta Unção prepara o doente para a passagem à Casa do Pai.  

320. O que é o Viático?  

1524 – 1525  

É a Eucaristia recebida por aqueles que estão para deixar esta vida terrena e se preparam para a passagem à vida eterna. Recebida no momento da passagem deste mundo ao Pai, a Comunhão do Corpo e Sangue de Cristo morto e ressuscitado é semente de vida eterna  e potência de ressurreição.  

 

CAPÍTULO TERCEIRO  

OS SACRAMENTOS AO SERVIÇO  

DA COMUNHÃO E DA MISSÃO

 

321. Quais são os sacramentos ao serviço da comunhão e da missão?  1533–1535

Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimónio, conferem uma graça especial para uma  missão particular na Igreja em ordem à edificação do povo de Deus. Eles contribuem em especial para a comunhão eclesial e para a salvação dos outros.  

 

O SACRAMENTO DA ORDEM SACERDOTAL  

 

322. O que é o sacramento da Ordem?

1536  

É o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos seus Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos.

323. Porque se chama sacramento da Ordem?